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Petista deixa socialismo para o futuro
DO ENVIADO ESPECIAL
Em entrevista coletiva em Porto
Alegre, o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) respondeu a
uma pergunta sobre a ausência de
referências ao socialismo na sua
campanha eleitoral deste ano.
O petista afirmou que ainda sonha com uma "sociedade mais
equânime", mas disse que ela só
poderá ser alcançada paulatinamente, com a ampliação gradativa das conquistas sociais -o que,
na sua avaliação, exigirá uma sucessão de governos progressistas.
"Eu continuo sonhando que
nós precisamos construir uma sociedade mais equânime, uma sociedade onde todos possam trabalhar, onde todos possam estudar, onde todos possam comer no
mínimo três vezes ao dia", disse.
"Por que que eu não utilizo a palavra socialismo nos discursos? É
porque eu estou defendendo um
programa para um mandato de
quatro anos e que, portanto, nós
não vamos fazer o socialismo por
medida provisória ou por decreto-lei. O que nós vamos fazer é
construir um programa capaz de
socialmente melhorar a vida do
povo brasileiro", acrescentou.
Em seguida, Lula expôs as condições para o surgimento dessa
sociedade ideal: "Se a gente tiver
uma sucessão de pessoas progressistas governando o Brasil e a gente conseguir evoluir nas conquistas sociais, possivelmente um dia
a gente possa construir essa sociedade justa e solidária".
O candidato afirmou que não
apenas o Brasil, mas o mundo
também precisa de uma estrutura
social menos injusta: "Eu também
continuo achando que o mundo
precisa de uma sociedade mais
justa, mais solidária, mais fraterna. E quem sabe essa sociedade
seja uma sociedade socialista, em
que os recursos da humanidade
sejam distribuídos de forma mais
justa para todo mundo".
E acrescentou: "Eu acho que é
isso que todo mundo sonha, e
acho que, quem sabe, um dia, a
humanidade conquistará isso.
Até porque a riqueza existente no
planeta Terra, se não for distribuída de maneira mais justa, nós teremos que nos conformar que
metade da população mundial
passe fome e ganhe menos que
um dólar por dia. Isso não é justo.
É preciso a gente encontrar um
equilíbrio", declarou o candidato.
Em seguida, Lula vinculou os
problemas ecológicos às desigualdades sociais: "A gente não pode
tirar da natureza os bens para fazer o desenvolvimento de toda a
humanidade porque, com o padrão de desenvolvimento, hoje
seria necessário, para garantir um
padrão de vida do Terceiro Mundo igual ao alemão, que o planeta
Terra fosse três vezes maior do
que é. Como a Terra não pode
crescer e as riquezas naturais são
escassas, temos que fazer uma
discussão da distribuição do pouco que tem com mais justiça".
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