São Paulo, quarta-feira, 02 de outubro de 2002

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Petista deixa socialismo para o futuro

DO ENVIADO ESPECIAL

Em entrevista coletiva em Porto Alegre, o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) respondeu a uma pergunta sobre a ausência de referências ao socialismo na sua campanha eleitoral deste ano.
O petista afirmou que ainda sonha com uma "sociedade mais equânime", mas disse que ela só poderá ser alcançada paulatinamente, com a ampliação gradativa das conquistas sociais -o que, na sua avaliação, exigirá uma sucessão de governos progressistas.
"Eu continuo sonhando que nós precisamos construir uma sociedade mais equânime, uma sociedade onde todos possam trabalhar, onde todos possam estudar, onde todos possam comer no mínimo três vezes ao dia", disse.
"Por que que eu não utilizo a palavra socialismo nos discursos? É porque eu estou defendendo um programa para um mandato de quatro anos e que, portanto, nós não vamos fazer o socialismo por medida provisória ou por decreto-lei. O que nós vamos fazer é construir um programa capaz de socialmente melhorar a vida do povo brasileiro", acrescentou.
Em seguida, Lula expôs as condições para o surgimento dessa sociedade ideal: "Se a gente tiver uma sucessão de pessoas progressistas governando o Brasil e a gente conseguir evoluir nas conquistas sociais, possivelmente um dia a gente possa construir essa sociedade justa e solidária".
O candidato afirmou que não apenas o Brasil, mas o mundo também precisa de uma estrutura social menos injusta: "Eu também continuo achando que o mundo precisa de uma sociedade mais justa, mais solidária, mais fraterna. E quem sabe essa sociedade seja uma sociedade socialista, em que os recursos da humanidade sejam distribuídos de forma mais justa para todo mundo".
E acrescentou: "Eu acho que é isso que todo mundo sonha, e acho que, quem sabe, um dia, a humanidade conquistará isso. Até porque a riqueza existente no planeta Terra, se não for distribuída de maneira mais justa, nós teremos que nos conformar que metade da população mundial passe fome e ganhe menos que um dólar por dia. Isso não é justo. É preciso a gente encontrar um equilíbrio", declarou o candidato.
Em seguida, Lula vinculou os problemas ecológicos às desigualdades sociais: "A gente não pode tirar da natureza os bens para fazer o desenvolvimento de toda a humanidade porque, com o padrão de desenvolvimento, hoje seria necessário, para garantir um padrão de vida do Terceiro Mundo igual ao alemão, que o planeta Terra fosse três vezes maior do que é. Como a Terra não pode crescer e as riquezas naturais são escassas, temos que fazer uma discussão da distribuição do pouco que tem com mais justiça".


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