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ROMBO FEDERAL
Corregedoria vê semelhanças entre modo de operação de quadrilha com grupo descoberto em Campinas
Receita apura conexões de fraudes no Rio
FABIANA CIMIERI
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
O corregedor da Receita Federal, Moacir Leão, investiga se o suposto esquema de fraudes na Receita e no INSS descoberto no Rio
tem conexões nacionais. Segundo
ele, o sistema informatizado do
fisco tem "fragilidades e inconsistências", que facilitariam a ação
de fraudadores.
Para Leão, o "modo de operação" da suposta quadrilha do Rio
é o mesmo do grupo desbaratado
recentemente no aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), com
a emissão de falsas certidões negativas de débito e o apagamento
do registro das dívidas das empresas envolvidas.
A diferença, disse o corregedor,
é que os 27 suspeitos no Rio teriam um esquema "mais profissional" do que o descoberto em
Campinas.
Segundo Leão, com uma senha
própria ou de terceiros, qualquer
funcionário da Receita pode dar
baixa de débitos no sistema. Para
ele, a suposta a quadrilha do Rio
usa as próprias senhas e depois
elimina o processo físico. O grupo
teria provocado prejuízo de pelo
menos R$ 250 milhões.
De acordo com o corregedor, há
indícios de que esse tipo de fraude
possa estar acontecendo em outros órgãos, como a Procuradoria
da Fazenda Nacional, onde dois
processos de cobrança de R$ 7
milhões de uma mesma empresa
teriam sido arquivados.
O procurador-chefe da Fazenda
Nacional no Rio, Rodrigo Dardeau, afirmou ter protocolado um
pedido na Corregedoria da Receita para obter informações sobre a
investigação, a fim de tomar as
providências cabíveis.
Moacir Leão ficará sob proteção
da Polícia Federal enquanto estiver no Rio. Ele foi ameaçado de
morte numa das gravações de
conversas telefônicas feitas durante as investigações.
O procurador da República
Marcelo Freire, um dos que
acompanham a investigação no
Rio, também constatou uma "extrema fragilidade no sistema de
cobrança" da Receita.
Freire, integrante da força-tarefa que há três anos investiga fraudes no INSS do Rio de Janeiro,
anunciou ontem que vai requerer
à Receita uma "ampla auditoria"
no Estado, para identificar novas
fraudes e a "magnitude" dessas
ações criminosas.
A suposta quadrilha de fraudadores foi descoberta pela força-tarefa do INSS. Anteontem, uma
operação conjunta da Corregedoria da Receita, da Polícia Federal e
da Justiça Federal foi deflagrada
para a prisão temporária de 27
suspeitos, sob a alegação de que
era preciso proteger o recolhimento de provas.
Os mandados de prisão contra
advogados, fiscais, despachantes
e empresários foram expedidos
pelo juiz da 3ª Vara Federal Criminal, Lafredo Lisboa. Dez pessoas foram presas na segunda-feira e, ontem, quatro dos 17 foragidos se apresentaram à Justiça.
Os auditores federais André
Vieira Alves, Antônio Vieira de
Oliveira Sobrinho e Cláudio Fernandes de Souza e o despachante
Rafael Peres Borges Júnior foram
ouvidos pelo juiz Lafredo Lisboa
antes de serem levados à carceragem do Ponto Zero (zona norte).
Entretanto, um dos principais
suspeitos de envolvimento no caso, José Goés Filho, chefe da Delegacia de Arrecadação Tributária
no Rio, continua foragido.
A TV Globo exibiu documentos
mostrando que Góes Filho seria
proprietário de duas empresas
(TL Táxi Aéreo e Lu Góes) e teria
seis aviões, um apartamento em
Copacabana (zona sul), uma casa
na Barra da Tijuca (zona oeste) e
outras quatro na Baixada Fluminense (região metropolitana do
Rio). Seu salário é de R$ 12 mil.
Libertação
O juiz Lisboa determinou no
fim da tarde a soltura do auditor
Fernando José Velho, a pedido do
corregedor Moacir Leão. O corregedor argumentou que não havia
nenhum indício, nem documentos nem gravações, que justificassem a suspeita de que Velho estivesse envolvido com a suposta
quadrilha.
O superintendente do INSS no
Rio, André Ilha, disse que os três
supostos membros da quadrilha
que trabalham no órgão já estão
sendo investigados por uma auditoria interna.
A investigação indica que Nilma
Fernandez e Roberto Cordeiro
Teixeira teriam emitido fraudulentamente certidões negativas de
débito para empresas que queriam participar de licitações. Ilha
afirmou que as dívidas não desapareceram do sistema.
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