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BOLSA-FAMÍLIA
Cristovam Buarque diz que projeto tem orientação assistencialista
Ex-ministro da Educação vê falha conceitual em programa
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de uma reunião
do governo para tentar deslanchar os programas sociais, o ex-ministro da Educação, senador
Cristovam Buarque (PT-DF), disse ontem que o problema do Bolsa-Família é conceitual, por ter
mudado o enfoque da educação
para o assistencialismo.
O governo não está fiscalizando
desde janeiro a freqüência escolar
dos atendidos pelo programa,
contrapartida exigida para o pagamento do benefício. O Bolsa-Família reuniu quatro programas
de transferência de renda, incluindo o Bolsa-Escola.
"O problema do Bolsa-Família é
conceitual. O que prevalece é um
programa de renda mínima, e não
de melhoria educacional. A própria mudança de nome, substituindo a expressão "escola" [Bolsa-Escola] por "família" mostra a
reorientação da educação para o
assistencialismo", disse o petista.
Cristovam foi exonerado do ministério por telefone, durante viagem a Portugal, na reforma de Lula em janeiro. Ele reclamava em
público, constantemente, de falta
de verbas. Ao deixar a pasta, disse
que não conseguia desenvolver
seu trabalho porque os projetos
ficavam parados na Casa Civil.
No dia 11 de setembro, época
em que críticas ao Bolsa-Família
vieram à tona devido a irregularidades na aplicação do programa,
o ex-ministro da Educação enviou ofício ao ministro José Dirceu (Casa Civil) com sugestões
para aprimorar o Bolsa-Família.
Dirceu foi escalado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar as discussões no governo para resolver as falhas na
execução do programa.
Uma das sugestões de Cristovam é que o controle da freqüência escolar volte a ser função do
MEC (Ministério da Educação).
"Tirar do MEC o gerenciamento do Bolsa-Escola, passando-o
para o Ministério do Desenvolvimento Social, desorganizou o sistema de controle, além de ser uma
mudança conceitual", disse.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, a fiscalização do comparecimento às aulas
nunca saiu do MEC, ficando a cargo do Desenvolvimento Social só
a gestão dessas informações.
Dirceu respondeu o ofício de
Cristovam com outro ofício, em
22 de setembro, agradecendo as
sugestões e afirmando que as havia encaminhado a Patrus Ananias (Desenvolvimento Social).
A assessoria do Desenvolvimento Social disse ontem que a
freqüência escolar só chegava a
13% das escolas no final de 2003,
sob a gestão de Cristovam.
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