São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2006

Próximo Texto | Índice

Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Tabelinha

Com a ida da disputa para o segundo turno, Lula iniciará a corte a Aécio Neves e José Serra ainda durante a campanha eleitoral. A classificação de Geraldo Alckmin para a etapa final não estava no roteiro dos dois tucanos vitoriosos em seus Estados e pré-candidatos ao Planalto em 2010. Para o presidente, basta que Aécio e Serra não se esforcem demais por Alckmin daqui até o dia 29. Em troca, ele voltaria a pregar o fim da reeleição, projeto caro a ambos e com o qual Alckmin, agora mais do que nunca, não quer se comprometer.
Ontem, Aécio declarou que a tensão entre PT e oposição deve diminuir a partir de agora. É exatamente o contrário do que Alckmin necessita: manter viva e, se possível, elevar a temperatura do escândalo do dossiê.

Virou. De um diretor de instituto de pesquisa: "Lula é forte candidato para 2010".

Final de Copa. A tensão no comitê de Lula em São Paulo só foi quebrada quando a TV anunciou a dianteira de Jaques Wagner na Bahia. Militantes se abraçaram. Muitos chegaram a chorar.

Mano a mano. Ainda atordoados com a perda do governo da Bahia depois de 16 anos, pefelistas avaliam que Lula levou a melhor no bate-boca com ACM. E que Jaques Wagner se deu bem ao fazer a campanha petista mais explicitamente colada à imagem do presidente da República.

Banzo. Além do desastre baiano, o PFL, em privado, dá como provável a derrota de Mendonça Filho para Eduardo Campos (PSB) no segundo turno em Pernambuco.

Blocos 1. Osmar Dias (PDT) deverá anunciar nos próximos dias apoio a Geraldo Alckmin (PSDB). A vantagem do tucano no Paraná e a associação entre Roberto Requião e Lula farão o senador pedetista, classificado para a etapa final, sair do muro.

Blocos 2. Rubens Bueno (PPS), o terceiro colocado no Paraná, já declarou que não apóia Requião em nenhuma hipótese. Aliados de Osmar Dias trabalham para cativá-lo. Já o petista Flávio Arns, que se queixa de ter sido abandonado por seu partido em benefício de Requião, deve se abster no segundo turno.

Como assim? No Acre de Jorge e Tião Viana e Marina Silva, Alckmin vencia Lula ontem à noite. Com 86% das urnas apuradas, o tucano, cujo partido praticamente inexiste no Estado, tinha 51,54% dos votos válidos, contra 42,4% do presidente.

Aproximação. Renan Calheiros (PMDB) tentará usar o crédito pelo apoio dado a Teo Vilela em Alagoas para obter o aval do PSDB a seu plano de permanecer na presidência do Senado. O encolhimento do PMDB e o segundo turno presidencial são obstáculos em seu no caminho.

Novato. O senador virtualmente eleito pelo Piauí, João Vicente Claudino (PTB), é estreante na política. Venceu o veterano Hugo Napoleão (PFL) com uma campanha rica e se aliando ao PT. Sua família é dona de uma das maiores redes de lojas do Nordeste.

Modesto. Dono da maior votação para deputado federal do Paraná, Gustavo Fruet (PSDB) se disse "emocionado", mas não perdeu o bom humor que o caracteriza: "Deve ter alguma coisa errada nessas urnas eletrônicas".

Quem entra. Luiz Antonio Marrey, um dos nomes que devem deixar a prefeitura de SP para integrar a equipe de José Serra no governo, poderá ocupar a pasta da Justiça. Mas há tucanos que apostam na ida do ex-procurador-geral para a Segurança.

Quem fica. Embora a disposição geral de Serra seja mudar tudo, um nome do atual secretariado deve sobreviver: Luiz Roberto Barradas Barata (Saúde), desde sempre mais próximo do governador eleito que do antigo chefe.

Tiroteio

O segundo turno levará à vitória de Alckmin. Agora, tudo ficou favorável a ele.


Do senador JORGE BORNHAUSEN (SC), presidente nacional do PFL, sobre as perspectivas para o segundo turno entre Lula e Geraldo Alckmin.


Contraponto

Recomeço

FHC tinha apenas dois assessores a seu lado quando saiu de casa ontem para votar no colégio Sion, no bairro paulistano de Higienópolis. Não lhe faltaram, porém, cumprimentos na rua. Um eleitor pegou carona na breve entrevista coletiva para perguntar por que o ex-presidente não se candidatava de novo ao Planalto. Ele respondeu que agora quer apenas "trabalhar pelo Brasil".
De volta à entrada do edifício onde mora, recebeu do proprietário de um bufê a oferta de serviço gratuito para festejar a vitória tucana em São Paulo. O homem também mandou lembranças a dona Ruth. Satisfeito com a receptividade, FHC observou aos jornalistas:
-Já posso me candidatar a vereador!


Próximo Texto: Delegado que vazou fotos abre investigação paralela
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.