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SUCESSÃO NO ESCURO
Governador, que pretende montar escritório político em Brasília, se reúne com presidente no Alvorada
Tasso vai a FHC e "explica" crítica ao governo
RAYMUNDO COSTA
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governador do Ceará, Tasso
Jereissati, pretende montar um
escritório político em Brasília para dar mais visibilidade à sua pré-candidatura à Presidência da República e acompanhar mais de
perto as articulações em relação à
sucessão presidencial de 2002.
O tucano esteve três vezes em
Brasília nas últimas três semanas.
Ontem, encontrou-se com o presidente Fernando Henrique Cardoso, no Palácio da Alvorada, e
conversou com o líder do governo
no Congresso e futuro secretário-geral da Presidência, deputado
Arthur Virgílio (PSDB-AM).
Ambiente carregado
Apesar do avanço de sua candidatura presidencial nas últimas
semanas, inclusive na reorganização ministerial feita por FHC,
Tasso encontrou o ambiente carregado. Logo cedo, o governador
ficou sabendo que o presidente
não gostara das críticas que ele fizera ao governo em uma palestra
na Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro).
Na palestra, anteontem, o governador cearense considerou como distorção o peso preponderante do Ministério da Fazenda
nas decisões estratégicas e defendeu uma correção desta situação
no próximo governo.
Na conversa com Arthur Virgílio, Tasso disse que suas declarações no Rio haviam sido "esquentadas". E saudou a indicação do
deputado amazonense para a Secretaria Geral da Presidência. Na
visão de Tasso e de seu grupo político, a nomeação do deputado
dará ao presidenciável tucano um
interlocutor confiável dentro do
Palácio do Planalto.
Tasso e seus aliados ressentiam-se de um representante no centro
das articulações políticas no Planalto, ambiente até agora dominado por adeptos da candidatura
do ministro José Serra (Saúde): o
atual secretário-geral e futuro ministro da Justiça, Aloysio Nunes
Ferreira, os líderes no Senado, Artur da Távola, na Câmara, Arnaldo Madeira, e o assessor especial
Moreira Franco.
A esse grupo, juntava-se também o secretário de Comunicação
Andréa Matarazzo, que está de
partida para Roma, onde será o
embaixador do Brasil.
Agora, Tasso e seus aliados têm
Arthur Virgílio, embora publicamente refiram-se ao deputado como um "independente" na disputa entre Tasso e Serra pela indicação da candidatura tucana.
Sem alguém permanentemente
próximo a FHC, os "tassistas"
acreditam que são vítimas fáceis
de intrigas que procuram colocá-lo como sendo de oposição a
FHC, um candidato que vê com
desdém o apoio do presidente.
Após conversar com Arthur
Virgílio e almoçar com os senadores Luiz Pontes (PSDB-CE) e Antonio Carlos Magalhães Júnior
(PFL-BA), Tasso foi ao Alvorada
explicar-se com FHC. Ficou cerca
de 30 minutos. À saída, disse que
o presidente estava de acordo
com o que ele disse.
Uma das críticas de Tasso que
mais incomodaram FHC foi a que
o governador fez à preponderância do Ministério da Fazenda sobre os demais ministérios. Tasso
explicou: "Não é bem assim.
Quando o presidente assumiu, o
foco era a inflação, que era um
verdadeiro câncer", disse, justificando a força dada à Fazenda no
primeiro mandato.
Mas ressaltou: "Agora a circunstância é diferente. Já era diferente em 98 [reeleição de FHC".
Nem agora a inflação está vencida". Tasso disse que está de acordo com o que tem sido feito pelo
governo. "Não posso nem falar
"eles", eu falo "nós"."
Segundo o tucano, o presidente
"sabe que qualquer pessoa que for
sucedê-lo terá um enfoque diferente", assim como sabe "que nós
vivemos num mundo diferente: o
Brasil é outro, o mundo é outro".
Em Minas, onde esteve ontem,
Serra saiu em defesa do adversário: "Não acho que ele esteja atacando o governo".
Segundo Serra, algumas frases
de Tasso têm sido retiradas de seu
contexto, fazendo-as parecer de
oposição.
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