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TRANSIÇÃO
Secretário-geral do partido se diz preocupado com efeitos inflacionários
Governo esperou eleição para aumentar gasolina, acusa PT
FÁBIO ZANINI
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT acusou ontem o governo
federal de ter esperado o período
eleitoral terminar para aumentar
o preço dos combustíveis.
O recado foi dado por Luiz
Dulci, secretário-geral do PT e
um dos homens fortes de Luiz
Inácio Lula da Silva na transição.
"Consideramos que o governo
deixou passar as eleições para tomar essa decisão [aumento dos
combustíveis]", declarou Dulci,
em entrevista coletiva em São
Paulo.
O secretário-geral não fez uma
afirmação direta de que FHC tenha protelado o aumento especificamente para ajudar seu candidato, José Serra (PSDB). Demonstrou apenas "estranheza"
quanto ao cronograma do aumento.
Dulci disse que a equipe de
transição do presidente eleito está "preocupada" com o aumento, principalmente com relação
ao efeito inflacionário que pode
ter no ano que vem.
"Evidentemente estamos preocupados. Esse aumento reflete a
política econômica do último período. Estaremos empenhados,
no governo, em um combate à
inflação", afirmou.
As declarações do secretário-geral do partido refletem uma
mudança de tom na equipe petista. Desde a eleição de Lula, o PT
tem procurado evitar entrar em
confronto direto com a atual administração, para não comprometer a perspectiva de passagem
de poder sem sobressaltos.
Em seus primeiros pronunciamentos, o presidente eleito não
economizou elogios a Fernando
Henrique Cardoso. Ressaltou o
caráter "democrático" de FHC e
sua disposição em colaborar.
O PT conta inclusive com o auxílio do presidente para que dê
"aval" a Lula no relacionamento
com autoridades internacionais
e organismos multilaterais.
Ao mesmo tempo, petistas demonstram cada vez mais estar
incomodados com a tentativa do
atual governo de passar uma
imagem de que a tarefa de Lula
será simplesmente "prosseguir"
no que FHC considera "avanços"
da atual administração.
Nas palavras de um aliado de
Lula, "seria bom colocar as coisas
em seus devidos lugares". A partir da semana que vem a cortesia
petista deverá diminuir de tom,
dando lugar a declarações mais
enfáticas a aspectos do legado da
"era FHC", como as taxas de desemprego e o baixo índice de
crescimento econômico.
Recursos
Dulci disse ontem também que
o presidente eleito mantém o
compromisso de dedicar seu primeiro ano de mandato ao combate à fome, mesmo com as restrições orçamentárias.
Para engordar o caixa dos programas sociais, o PT pretende
contar também com recursos extra-orçamentários.
O secretário-geral citou especificamente como exemplos verbas do FAT (Fundo de Amparo
ao Trabalhador) e do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Recursos angariados junto à iniciativa privada seriam agregados
também, mas o PT não apresentou detalhes de como isso seria
feito.
Quanto ao aumento do salário
mínimo, o dirigente petista declarou apenas que será "o maior
possível". "O percentual do aumento ainda está sendo analisado", declarou Dulci.
Na previsão orçamentária de
2003, o salário mínimo previsto é
de R$ 211.
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