DA REDAÇÃO

Em carta aberta ao pai, a jornalista Lurian Cordeiro Lula da Silva, 28, filha do presidente eleito, diz ter sentido "alívio" com a vitória dele e afirma que foi vítima do "mau-caratismo collorido" nas eleições de 1989.
"Nos últimos programas no horário político, a comoção cada vez mais tomou conta de mim. Na verdade, já nem sei se foi comoção ou alívio. Alívio de ver que tanto esforço, tanta luta, enfim, não foram em vão", diz.
Sobre as eleições de 1989, ela afirma: "Em 1989, fomos vítimas das baixarias e calúnias de Fernando Collor de Melo [que, naquele ano, venceu Lula no segundo turno]. Digo "fomos" porque eu, mais do que ninguém, fui vítima do mau-caratismo collorido. Mas você não perdeu aquela eleição! O povo sim".
Durante a campanha para o segundo turno presidencial em 89, Collor mostrou, no horário eleitoral, depoimento da mãe de Lurian, Miriam Cordeiro -que foi namorada de Lula-, em que ela dizia que o petista havia lhe pedido que abortasse quando estava grávida de Lurian. Em resposta, a filha foi à TV defender o pai.
Informado das afirmações de Lurian, o ex-presidente Collor afirmou, por intermédio de sua assessoria, que não faria comentários a respeito.
Na carta, Lurian diz ainda: "Há quanto tempo lutamos para realizar esse sonho, hein? (...) Que orgulho, meu Deus! Não sei se penso como filha ou como militante. Eu, que sempre procurei separar o meu pai do líder, hoje já não consigo mais".
Segundo a filha do petista, em 1994, Lula foi vencido pelo Plano Real. "O Plano Real foi decisivo para a eleição. Não foi Fernando Henrique o vitorioso nem você o derrotado. Quem venceu a eleição foi um novo plano econômico."
Ela criticou a insistência do candidato derrotado a presidente José Serra (PSDB) em debater com Lula na campanha para o segundo turno: "Em 1998 -se é que devemos levar aquela eleição em conta-, quem tanto defende debates hoje nem sequer fez algum esforço para que o próprio candidato [FHC] fosse a algum debate, lembra?".



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