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Para Lula, economia não explica derrota
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva disse a interlocutores que
julga um revés significativo a derrota de Marta Suplicy na eleição
paulistana, mas não crê que sua
política econômica ou fatores nacionais tenham influenciado negativamente a tentativa de reeleição da prefeita de São Paulo.
Lula avalia que o resultado das
eleições no segundo turno, fase na
qual o PT perdeu em capitais importantes, como São Paulo e Porto Alegre, não terá relação direta
com a sucessão presidencial de
2006. Ele crê que sua sucessão, na
qual deve ser candidato à reeleição, será influenciada por um julgamento de resultados na economia e na área social.
Dizendo-se "tranqüilo" e "satisfeito" com o desempenho dos
partidos aliados ao governo nas
eleições, Lula disse que discutirá
já amanhã, em reunião da Coordenação de Governo, uma agenda
de encontros com todos os prefeitos de capital e de cidades importantes eleitos no segundo turno e
as prioridades de sua administração no Congresso.
Como antecipou à Folha no domingo, Lula deseja fazer um aceno ao PSDB, o principal partido
de oposição e legenda que teve as
maiores conquistas eleitorais no
segundo turno. "Não quero discussão sobre 2006", disse ontem o
presidente.
Na reunião da Coordenação de
Governo, grupo que reúne seus
principais ministros, Lula deixará
claro que não deseja fazer discurso revanchista em relação aos tucanos, especialmente no que se
referir a José Serra, eleito em SP.
Nesse contexto, pedirá ao ministro da Coordenação Política,
Aldo Rebelo, que faça os convites
para audiências no Palácio do Planalto. Lula quer receber prefeitos
eleitos de todos os partidos, seja
de oposição, seja de situação.
Sobre as razões da derrota em
São Paulo e em Porto Alegre, Lula
vê mais motivações locais do que
um suposto julgamento desfavorável à sua gestão na economia.
Como exemplo, o presidente
diz que o PSDB e o PFL ameaçaram federalizar as eleições municipais no início do ano, mas abandonaram essa intenção quando a
economia deu sinais de retomada.
Para Lula, foi um reconhecimento
de que falar mal do governo federal não renderia votos.
Mais: a interlocutores, o presidente lembra que Serra só falou
mal dele quando Marta e petistas
acusavam o governo de Fernando
Henrique Cardoso de ser o pai da
política de juros altos e do desemprego. Serra foi derrotado pelo
atual presidente da República em
2002. Ou seja, se os críticos do PT
à política econômica quiserem
usar os resultados negativos do
partido das eleições para minar o
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda), Lula não vai dar bola.
(KENNEDY ALENCAR)
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