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MAPA DA VOTAÇÃO
Desempenho petista caiu em 37 das 41 zonas eleitorais da capital, ficando 318 mil votos abaixo do obtido pelo presidente em 2002
Votação de Marta encolhe em relação a Lula
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
MICHELE OLIVEIRA
DA REDAÇÃO
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva bem que tentou, mas não
conseguiu transferir seu espólio à
candidata Marta Suplicy (PT).
No domingo, a votação petista
na capital paulista encolheu
10,39% na comparação com o segundo turno das eleições de 2002.
Lula recebeu 3.057.960 votos
quando enfrentou José Serra
(PSDB) e se elegeu presidente.
Marta teve 2.740.152 anteontem
contra o mesmo Serra.
Nesse período, o eleitorado
paulistano cresceu 3,19%. Em relação aos votos válidos -que aumentaram 1,37% de lá para cá-,
a queda petista foi de 5,92 pontos.
Ela se deu em 37 das 41 zona eleitorais consideradas pela Folha
(veja quadro), chegando ao maior
índice no Ipiranga -16,39 pontos
(51,39% para 35%).
Para o professor de ciência política Leôncio Martins Rodrigues,
70, há três fatores nesse movimento. "O primeiro é a personalidade de Marta. O segundo é o fato
de Lula, em 2002, ter encontrado
uma situação muito favorável,
uma espécie de maré petista pelo
país. Por último, há um declínio
da aceitação do PT, uma certa
hostilidade. Não é só em São Paulo. É um fenômeno nacional."
O presidente foi o principal cabo eleitoral da prefeita numa eleição marcada pela disputa entre a
"melhor parceria" para a cidade.
Apareceu no horário eleitoral
gratuito, usou as inserções publicitárias do governo federal para
ressaltar os investimentos em São
Paulo e chegou a ser multado em
R$ 50 mil por pedir votos para ela
durante a inauguração de uma
obra pública -a extensão da Radial, no extremo da zona leste.
Não adiantou. Os dados mostram que Lula não conseguiu convencer nem seus próprios eleitores a votarem na petista, num movimento previsto pelas pesquisas.
Em um levantamento feito pelo
Datafolha em 9 de outubro, 68%
dos entrevistados se disseram indiferentes à participação de Lula
na campanha, 20% afirmaram
que deixariam de votar no candidato do presidente e só 11% admitiram sua influência positiva.
"O Lula era o candidato da mudança [em 2002] e tinha uma tendência de crescimento no país todo. É plausível acreditar que ela
[Marta] poderia ter tido uma votação pior sem ele na campanha",
diz Argelina Maria Cheibub Figueiredo, coordenadora do Cebrap e diretora do Centro de Estudos do Metrópole (CEM).
A comparação do desempenho
de Marta Suplicy com a votação
obtida por ela mesma em 2000,
quando venceu Paulo Maluf (PP),
evidencia ainda mais o encolhimento da votação petista.
Marta perdeu votos -em números absolutos mesmo- em 33
das zonas eleitorais. Em outras
cinco áreas teve menos votos válidos agora, crescendo só em três
zonas: Piraporinha, Grajaú (zona
sul) e Guaianazes (zona leste).
"A Marta se elegeu aproveitando a rejeição a Maluf. Até tucanos
votaram nela. Agora, ela se chocou com setores da classe média,
inclusive por causa das taxas",
avalia Martins Rodrigues.
Centro-periferia
O segundo turno das eleições
municipais consolidou a divisão
geográfica dos votos paulistanos
já delineada no primeiro turno. O
tucano venceu no centro. A petista, na extrema periferia.
Nenhum dos dois conseguiu superar o adversário nos redutos
demarcados na primeira fase,
mas as menores diferenças entre
os dois foram registradas nas
áreas intermediárias da cidade.
Em pontos percentuais, Serra
cresceu mais que Marta em todas
as 27 zonas em que venceu e ainda
em uma das 14 áreas em que ela liderou -Itaquera (zona leste). Foi
também em Itaquera onde a votação foi mais apertada -51,65%
para ela contra 48,35% para ele.
"Esse entorno foi decisivo. O fato de Serra ter vencido nas áreas
mais ricas e centrais parece ter tido um efeito difusor nas regiões
do redor", avalia Figueiredo.
Foi nesse cinturão que Paulo
Maluf (PP) atingiu seu maiores
índices de votação no primeiro
turno. "Os eleitores do Maluf estão mais próximos ideologicamente do PSDB do que do PT. Então, mesmo com o apoio do Maluf
a Marta, os eleitores dele não foram nessa direção", continua.
Na Vila Maria, onde Maluf teve
seu pico de votação (19,71% dos
válidos), Serra venceu e registrou
seu maior crescimento percentual: teve 18,72 pontos a mais do
que no primeiro turno.
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