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CPI cancela viagem para rastrear conta nos EUA
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI dos Correios cancelou
por tempo indefinido a viagem
que integrantes da comissão realizariam nesta semana aos Estados
Unidos para tentar acesso à movimentação financeira do publicitário Duda Mendonça no exterior.
A CPI diz que não recebeu resposta do Departamento de Justiça
daquele país nem da Promotoria
Distrital de Nova York a respeito
de audiências solicitadas.
Integrantes da comissão acusaram o Ministério da Justiça de não
se empenhar no agendamento
dessas reuniões e de não querer
compartilhar esses documentos,
que chegarão ao Brasil na próxima semana. Além do Ministério
da Justiça, receberam autorização
para acessar esses dados o Ministério Público e a Polícia Federal.
"Me impressiona a falta de colaboração entre os órgãos de investigação, tanto entre eles quanto
deles com a CPI. Por que não dividem essas informações com a
CPI? Eles entendem que a cooperação criminal entre os dois países
tem natureza restritiva, mas eu
entendo que a CPI tem natureza
criminal, portanto deveria ter
acesso a esses documentos", disse
o deputado Gustavo Fruet
(PSDB-PR), que é sub-relator de
movimentação financeira.
O Ministério da Justiça, por
meio de sua assessoria de imprensa, disse que "reafirma sua disposição de colaborar com todas as
instituições para o avanço das investigações, mas tem de atuar de
acordo com as normas legais".
O presidente da CPI, senador
Delcídio Amaral (PT-MS), se reuniu com o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) no final da
tarde de ontem, quando a viagem
já tinha sido cancelada.
Em depoimento à comissão,
Duda disse ter recebido R$ 10,5
milhões nas Bahamas, em 2003,
como pagamento de dívidas do
PT relativas às campanhas eleitorais de 2002. Ele foi marqueteiro
da campanha vitoriosa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os
parlamentares querem rastrear a
origem desse dinheiro.
Ao concordar com o repasse
dos documentos às instituições
brasileiras, a Promotoria Distrital
de Nova York fez a ressalva de que
esse material não deveria ser
compartilhado com o Congresso
brasileiro devido ao vazamento
de informações sigilosas ocorrido
na CPI do Banestado.
"Isso é uma desconsideração ao
Congresso brasileiro e o DRCI
[Departamento de Recuperação
de Ativos do Ministério da Justiça] não tem se empenhado", disse
Fruet. A relação da CPI com as
instituições norte-americanas
tem de ser feita através do DRCI.
No primeiro contato, o ministério não incluiu a CPI no pedido de
acesso às informações temendo
que ele fosse negado em conjunto.
Depois que a autorização foi concedida, o ministério solicitou sua
extensão à CPI, o que foi negado.
O passo seguinte seria a ida dos
parlamentares a Washington e a
Nova York. Eles foram à Embaixada dos Estados Unidos no último dia 21 preparar a viagem, mas
somente na última sexta-feira encaminharam ao DRCI a solicitação de audiências.
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