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NEGOCIAÇÃO
Em Washington, equipe finaliza acerto de metas para ajuda de até US$ 45 bi
Bier detalha medidas fiscais ao FMI
JOÃO BATISTA NATALI
enviado especial a Washington
A equipe brasileira que negocia
com o FMI já estava detalhando
ontem, em Washington, o cumprimento de metas para o ajuste
fiscal anunciado pelo governo na
última terça-feira.
É provável que até amanhã esteja
pronta a carta de intenções entre o
Brasil e aquela instituição.
A informação de que um acordo
avançava rapidamente foi dada
por um dos economistas que participam da negociação. Em Brasília, a Folha apurou que dificilmente a carta de intenções será assinada nesta semana.
Com o documento, o FMI faria
um empréstimo de US$ 18 bilhões
e credenciaria o Brasil a US$ 27 bilhões junto a governos e outras
instituições financeiras.
Antes de o Fundo liberar o empréstimo, sua diretoria-executiva
deverá aprovar os termos da carta.
Desde sábado à tarde, delegação
chefiada pelo secretário de Política
Econômica do Ministério da Fazenda, Amaury Bier, responde,
em detalhes, às dúvidas sobre o
pacote fiscal brasileiro.
O FMI quer basicamente saber
se é plausível o plano que consiste
em gerar superávit primário -o
Brasil gastaria menos do que arrecada, sem contar juros-, para,
com a diferença, abater parte da
dívida interna.
Esse objetivo se detalharia em
documento anexado à carta de intenções, um "memorando técnico de entendimento". Por ele, os
créditos seriam liberados em troca
do cumprimento de metas trimestrais de equilíbrio fiscal.
Há pontos sobre os quais nada
transpirou. Não se sabe, por
exemplo, se o FMI condicionará a
liberação da primeira parcela do
empréstimo -de valor ainda desconhecido- à aprovação do pacote fiscal pelo Congresso.
Por essa condicionante, o Fundo
não corre o risco de que aconteça
com o Brasil o mesmo que ocorreu com a Rússia. Ela recebeu créditos e em seguida não aprovou no
Parlamento o pacote que, em teoria, teria evitado a derrocada de
sua economia.
Não se sabe tampouco, por enquanto, quais os itens do pacote
que provocam as maiores dúvidas
por parte do FMI.
As negociações com o Brasil começaram há duas semanas, quando uma primeira delegação, chefiada por Pedro Parente, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, esteve no Fundo.
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