São Paulo, segunda, 2 de novembro de 1998

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NEGOCIAÇÃO
Em Washington, equipe finaliza acerto de metas para ajuda de até US$ 45 bi
Bier detalha medidas fiscais ao FMI

JOÃO BATISTA NATALI
enviado especial a Washington

A equipe brasileira que negocia com o FMI já estava detalhando ontem, em Washington, o cumprimento de metas para o ajuste fiscal anunciado pelo governo na última terça-feira.
É provável que até amanhã esteja pronta a carta de intenções entre o Brasil e aquela instituição.
A informação de que um acordo avançava rapidamente foi dada por um dos economistas que participam da negociação. Em Brasília, a Folha apurou que dificilmente a carta de intenções será assinada nesta semana.
Com o documento, o FMI faria um empréstimo de US$ 18 bilhões e credenciaria o Brasil a US$ 27 bilhões junto a governos e outras instituições financeiras.
Antes de o Fundo liberar o empréstimo, sua diretoria-executiva deverá aprovar os termos da carta.
Desde sábado à tarde, delegação chefiada pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Amaury Bier, responde, em detalhes, às dúvidas sobre o pacote fiscal brasileiro.
O FMI quer basicamente saber se é plausível o plano que consiste em gerar superávit primário -o Brasil gastaria menos do que arrecada, sem contar juros-, para, com a diferença, abater parte da dívida interna.
Esse objetivo se detalharia em documento anexado à carta de intenções, um "memorando técnico de entendimento". Por ele, os créditos seriam liberados em troca do cumprimento de metas trimestrais de equilíbrio fiscal.
Há pontos sobre os quais nada transpirou. Não se sabe, por exemplo, se o FMI condicionará a liberação da primeira parcela do empréstimo -de valor ainda desconhecido- à aprovação do pacote fiscal pelo Congresso.
Por essa condicionante, o Fundo não corre o risco de que aconteça com o Brasil o mesmo que ocorreu com a Rússia. Ela recebeu créditos e em seguida não aprovou no Parlamento o pacote que, em teoria, teria evitado a derrocada de sua economia.
Não se sabe tampouco, por enquanto, quais os itens do pacote que provocam as maiores dúvidas por parte do FMI.
As negociações com o Brasil começaram há duas semanas, quando uma primeira delegação, chefiada por Pedro Parente, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, esteve no Fundo.



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