São Paulo, sexta-feira, 03 de janeiro de 2003

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PAINEL


O Lula do Lula
Na sua última semana em Brasília, FHC teve uma conversa reservada com Serra. Disse ao tucano que ele tem de ficar atento para, na hora certa, assumir a condição de líder da oposição a Lula. Se não tomar cuidado, Garotinho toma esse papel para si.

Silêncio estratégico
FHC disse a Serra que, por ora, enquanto a população está em lua-de-mel com o novo presidente, o melhor é ficar quieto, para que a crítica não se volte contra ele. Sua tarefa primordial é vencer a disputa pela presidência do PSDB, em maio.

Passo a passo
O ex-presidente disse que depois de seis meses de governo Lula será o momento de Serra começar a fazer críticas aos "conceitos" da nova gestão. No fim do ano, segundo FHC, o tucano já poderá começar a bater nas "ações" da gestão petista.

Paulista mineiro
Enquanto Aécio Neves fazia em MG críticas duras à "ditadura centralizadora da União" na gestão FHC, Geraldo Alckmin acompanhou o ex-presidente em sua volta do DF para SP. De olho em 2006, quer ter um cabo eleitoral de peso na disputa interna do PSDB para a sucessão.

Defesa prévia
Ao tomar posse em MG, Aécio Neves fez um discurso "itamariano". Prevendo dois anos de penúrias no governo de MG, o tucano responsabilizou a União pelas dificuldades do Estado a fim de criar uma blindagem para a sua própria administração.

Fica para depois
Pedro Parente incumbira Pedro Malan de, em nome do ministério, fazer um discurso de despedida a FHC. No tumulto da base aérea de Brasília, o ex-ministro da Fazenda não conseguiu chegar ao microfone.

No ar
Waldir Pires (Corregedoria Geral) vai propor a Lula que todos os ministérios divulguem mensalmente seus gastos na internet. Para dar mais "transparência" ao governo.

Cadeira partidária
A bancada do PT no Senado decidiu que Paulo Paim (RS) será o representante do partido na Mesa da Casa. Provavelmente, no cargo de primeiro-secretário.

Má notícia
Palocci Filho assumiu dizendo que ministros da Fazenda são, por dever do ofício, forçados a trabalhar com um "cálice nem sempre doce". Teve gente no DF que se lembrou do "saco de maldades" de Gustavo Franco.

Tapete vermelho
José Genoino, presidente do PT, furou a fila de identificação no Planalto para a posse de José Dirceu. Deputados e senadores do PT e de partidos aliados tiveram de enfrentar a espera.

Balcão errado
Luiz Dulci (Secretaria Geral) foi procurado por 18 deputados na manhã de ontem com listas de pedidos. Precisou explicar a eles que a negociação com parlamentares será agora responsabilidade da Casa Civil, de Dirceu.

Mesmo tom
O locutor de eventos do Planalto, que trabalhou ontem nas posses de Dirceu e Luiz Dulci, é o mesmo que apresentava os eventos do governo FHC.

Ego ferido
O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), reclamou ontem que conhece Dirceu há 20 anos e ele nunca acerta seu nome: "Até no discurso de posse ele me chamou de Élinton".

Cor da ocasião
O restaurante do Planalto abriu ontem com toalhas novas em suas mesas. Vermelhas.

A bola é minha
José Ignácio (PTN-ES) não entregou a faixa a seu sucessor, Paulo Hartung (PSB). O ex-governador alegou que tinha mandado confeccioná-la com seu próprio dinheiro e a levou para casa. Hartung foi obrigado a encomendar uma outra peça.

TIROTEIO

De Arthur Virgílio (PSDB-AM), sobre o discurso de posse de Palocci Filho na Fazenda:
- Tirando a perfumaria, foi um mea-culpa arrogante do PT por não ter ajudado o governo FHC a fazer as reformas.

CONTRAPONTO

Livre acesso

Humberto Costa (PT) assumiu ontem o Ministério da Saúde. A cerimônia de posse, na sede da pasta, foi uma das mais concorridas do novo governo.
O auditório estava apinhado de petistas que queriam cumprimentar Costa e de funcionários que queriam se despedir do antecessor, Barjas Negri.
Dois telões foram instalados numa sala ao lado para evitar confusão, mas os convidados insistiam em tentar entrar no auditório principal.
Um dos que tentavam entrar no recinto era o prefeito de Aracaju (SE), Marcelo Déda (PT). Assim que chegou à porta, ele ouviu de um segurança:
- É melhor o senhor ir para um dos telões. Lá o desconforto é bem menor.
O prefeito recusou a sugestão:
- Eu fiquei mais de 20 anos no desconforto da oposição. Não é uma hora a mais que fará diferença!



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