São Paulo, sexta-feira, 03 de janeiro de 2003

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Ministro diz seguir determinação de Lula "de não transigir em matéria ética" e convida Celso Furtado para atuar na reformulação da Sudene

Ciro suspende pagamentos da Integração

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato derrotado a presidente pelo PPS, Ciro Gomes, 45, assumiu ontem o cargo de ministro da Integração Nacional e suspendeu todos os pagamentos de sua pasta. "Deste momento em diante, a responsabilidade passa a ser minha. E eu tenho uma determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é uma determinação para todos nós seus auxiliares, de não transigir em matéria ética", afirmou.
Essas declarações foram dadas em uma entrevista improvisada depois da cerimônia de transmissão de cargo. Ciro disse em uma segunda entrevista que não se tratava de colocar em suspeição seu antecessor, mas de apenas ter segurança sobre todos os processos em andamento no ministério.
Ao final do dia, a portaria número 02/2002, assinada pelo ministro, oficializou a decisão: "Ficam suspensas em caráter temporário as transferências voluntárias de recursos e os pagamentos diversos a se realizarem por intermédio deste ministério e de suas vinculadas a instituições públicas e privadas". Um parágrafo único faz uma ressalva: "Os pagamentos de natureza inadiável, dado o caráter de urgência, deverão ser submetidos à imediata apreciação do gabinete do ministro para fins de conhecimento e deliberação".
Hoje, dois governadores já têm audiência marcada e devem pedir liberações para Ciro: Jorge Viana (PT-AC) e Eduardo Braga (PPS-AM). Ambos foram ontem à cerimônia de transmissão de cargo.
Luciano Barbosa, o antecessor de Ciro, fez um discurso cheio de elogios ao novo ministro. Citou o Ceará como exemplo de ações para trazer o desenvolvimento. Ciro governou o Ceará de 1991 a 1994 e faz parte do grupo político que domina o Estado desde 1986.
No discurso ao receber o cargo, Ciro começou com uma "palavra de gratidão" a Lula. Disse ser um "adversário de ontem" do presidente. Agora, é "aliado fiel". Ressaltou a "experiência" do petista, embora na campanha eleitoral tenha criticado o fato de Lula não ter exercido cargos executivos.

Sudene
Em entrevista, Ciro disse pretender apresentar a Lula em 60 dias um projeto de como recriar a Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste). "A atual fórmula que foi estabelecida quando se extinguiram a Sudene e a Sudam [Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia" é inviável. Claro que a velha fórmula era vulnerável, que foi muito mal versada e foi palco de muitos episódios graves de corrupção e que não pode voltar", declarou.
Apesar de criticar o modelo anterior, Ciro disse que o economista Celso Furtado, 82, criador da Sudene, foi convidado a colaborar na reestruturação do órgão -como a Folha havia antecipado anteontem. "Falei com ele logo no dia em que fui convidado. Ele me disse que o presidente foi corajoso ao me nomear. Agora, preciso ir até o Rio para conversarmos."
A cerimônia de transmissão foi assistida por políticos de vários partidos. Os três deputados federais do PT do Ceará compareceram, apesar de o partido ser adversário do grupo de Ciro no Estado. Também compareceram o senador eleito Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e os empresários Carlos Jereissati, Jorge Gerdau e Benjamin Steinbruch.


Colaborou PATRÍCIA ZORZAN, enviada especial a Brasília



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