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Ministro diz seguir determinação de Lula "de não transigir em matéria ética" e convida Celso Furtado para atuar na reformulação da Sudene
Ciro suspende pagamentos da Integração
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O candidato derrotado a presidente pelo PPS, Ciro Gomes, 45,
assumiu ontem o cargo de ministro da Integração Nacional e suspendeu todos os pagamentos de
sua pasta. "Deste momento em
diante, a responsabilidade passa a
ser minha. E eu tenho uma determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é uma determinação para todos nós seus auxiliares, de não transigir em matéria ética", afirmou.
Essas declarações foram dadas
em uma entrevista improvisada
depois da cerimônia de transmissão de cargo. Ciro disse em uma
segunda entrevista que não se tratava de colocar em suspeição seu
antecessor, mas de apenas ter segurança sobre todos os processos
em andamento no ministério.
Ao final do dia, a portaria número 02/2002, assinada pelo ministro, oficializou a decisão: "Ficam suspensas em caráter temporário as transferências voluntárias
de recursos e os pagamentos diversos a se realizarem por intermédio deste ministério e de suas
vinculadas a instituições públicas
e privadas". Um parágrafo único
faz uma ressalva: "Os pagamentos
de natureza inadiável, dado o caráter de urgência, deverão ser
submetidos à imediata apreciação
do gabinete do ministro para fins
de conhecimento e deliberação".
Hoje, dois governadores já têm
audiência marcada e devem pedir
liberações para Ciro: Jorge Viana
(PT-AC) e Eduardo Braga (PPS-AM). Ambos foram ontem à cerimônia de transmissão de cargo.
Luciano Barbosa, o antecessor
de Ciro, fez um discurso cheio de
elogios ao novo ministro. Citou o
Ceará como exemplo de ações para trazer o desenvolvimento. Ciro
governou o Ceará de 1991 a 1994 e
faz parte do grupo político que
domina o Estado desde 1986.
No discurso ao receber o cargo,
Ciro começou com uma "palavra
de gratidão" a Lula. Disse ser um
"adversário de ontem" do presidente. Agora, é "aliado fiel". Ressaltou a "experiência" do petista,
embora na campanha eleitoral tenha criticado o fato de Lula não
ter exercido cargos executivos.
Sudene
Em entrevista, Ciro disse pretender apresentar a Lula em 60
dias um projeto de como recriar a
Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste). "A
atual fórmula que foi estabelecida
quando se extinguiram a Sudene
e a Sudam [Superintendência do
Desenvolvimento da Amazônia"
é inviável. Claro que a velha fórmula era vulnerável, que foi muito mal versada e foi palco de muitos episódios graves de corrupção
e que não pode voltar", declarou.
Apesar de criticar o modelo anterior, Ciro disse que o economista Celso Furtado, 82, criador da
Sudene, foi convidado a colaborar
na reestruturação do órgão -como a Folha havia antecipado anteontem. "Falei com ele logo no
dia em que fui convidado. Ele me
disse que o presidente foi corajoso
ao me nomear. Agora, preciso ir
até o Rio para conversarmos."
A cerimônia de transmissão foi
assistida por políticos de vários
partidos. Os três deputados federais do PT do Ceará compareceram, apesar de o partido ser adversário do grupo de Ciro no Estado. Também compareceram o
senador eleito Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA) e os empresários Carlos Jereissati, Jorge Gerdau e Benjamin Steinbruch.
Colaborou PATRÍCIA ZORZAN, enviada
especial a Brasília
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