São Paulo, quinta-feira, 03 de janeiro de 2008

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Após pedido do PT, Justiça apreende CDs por suposta crítica a ex-prefeito em SC

FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA

A Justiça Eleitoral e a Polícia Federal apreenderam, a pedido do PT, CDs de um cantor de Chapecó (SC) por supostamente criticar, em uma música, um pré-candidato do partido à prefeitura do local.
Para o PT, a canção "Não frites Chapecó", do cantor Giove, faz referência ao ex-ministro da Pesca e ex-prefeito José Fritsch, 53, e macula sua imagem. A apreensão na cidade -que tem 160 mil habitantes- foi na quinta-feira da semana passada.
O PT considera a música uma propaganda eleitoral antecipada e recorreu à Justiça Eleitoral, que determinou a apreensão. Para o partido, a música foi produzida por encomenda do DEM, que tem como membro o atual prefeito da cidade, João Rodrigues.
Trechos da música, tocada em estilo gaúcho, exaltam o político, como na seguinte parte: "João Rodrigues de novo, é homem do povo que não governa só". Outro verso: "Os comunistas se aliaram e nos fritaram sem pena nem dó".
Giove Triches, 50, afirma que não é ligado a partidos políticos e que só quis "homenagear" o atual prefeito. ""Frites" é do verbo fritar. O nome dele é José Fritsch. Não estou mencionando o nome. É uma expressão popular", diz. Ele classificou a medida da Justiça como "repressão" e afirmou que vai pedir indenização na Justiça contra PT.
Os CDs ainda não estavam sendo comercializados. Segundo o cantor, as unidades apreendidas eram versões prévias da gravação em estúdio. O lançamento, com tiragem de 10 mil cópias, seria daqui a dois meses. Apenas cinco unidades do CD, além de provas do projeto gráfico, foram encontradas na casa e no carro do cantor.
O ex-ministro Fritsch, que administrou a cidade entre 1997 e 2002, diz que a música é uma tentativa de "desmoralização" e que foi feita para o DEM. "É coisa dos "demo" [Democratas]", afirma. Também fala que, por ter sido caluniado, não se pode chamar a ação de censura.
O presidente do DEM em Chapecó, José Caramori, nega que a música tenha sido "encomenda" e diz que o artista teve o direito de opinião partidária tolhido. Para ele, a proibição é "coisa da ditadura", de partidos de "extrema esquerda, como o PT, que agem à moda cubana".
O cantor Giove lançou outros cinco discos com músicas sertanejas e em italiano.


Colaborou MATHEUS PICHONELLI , da Agência Folha


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