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Após pedido do PT, Justiça apreende CDs por suposta crítica a ex-prefeito em SC
FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA
A Justiça Eleitoral e a Polícia Federal apreenderam, a
pedido do PT, CDs de um cantor de Chapecó (SC) por supostamente criticar, em uma
música, um pré-candidato do
partido à prefeitura do local.
Para o PT, a canção "Não
frites Chapecó", do cantor
Giove, faz referência ao ex-ministro da Pesca e ex-prefeito José Fritsch, 53, e macula
sua imagem. A apreensão na
cidade -que tem 160 mil habitantes- foi na quinta-feira
da semana passada.
O PT considera a música
uma propaganda eleitoral antecipada e recorreu à Justiça
Eleitoral, que determinou a
apreensão. Para o partido, a
música foi produzida por encomenda do DEM, que tem
como membro o atual prefeito da cidade, João Rodrigues.
Trechos da música, tocada
em estilo gaúcho, exaltam o
político, como na seguinte
parte: "João Rodrigues de novo, é homem do povo que não
governa só". Outro verso: "Os
comunistas se aliaram e nos
fritaram sem pena nem dó".
Giove Triches, 50, afirma
que não é ligado a partidos
políticos e que só quis "homenagear" o atual prefeito. ""Frites" é do verbo fritar. O nome
dele é José Fritsch. Não estou
mencionando o nome. É uma
expressão popular", diz.
Ele classificou a medida da
Justiça como "repressão" e
afirmou que vai pedir indenização na Justiça contra PT.
Os CDs ainda não estavam
sendo comercializados. Segundo o cantor, as unidades
apreendidas eram versões
prévias da gravação em estúdio. O lançamento, com tiragem de 10 mil cópias, seria daqui a dois meses. Apenas cinco unidades do CD, além de
provas do projeto gráfico, foram encontradas na casa e no
carro do cantor.
O ex-ministro Fritsch, que
administrou a cidade entre
1997 e 2002, diz que a música
é uma tentativa de "desmoralização" e que foi feita para o
DEM. "É coisa dos "demo"
[Democratas]", afirma. Também fala que, por ter sido caluniado, não se pode chamar
a ação de censura.
O presidente do DEM em
Chapecó, José Caramori, nega que a música tenha sido
"encomenda" e diz que o artista teve o direito de opinião
partidária tolhido. Para ele, a
proibição é "coisa da ditadura", de partidos de "extrema
esquerda, como o PT, que
agem à moda cubana".
O cantor Giove lançou outros cinco discos com músicas sertanejas e em italiano.
Colaborou MATHEUS PICHONELLI ,
da Agência Folha
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