São Paulo, sábado, 03 de janeiro de 2009

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Dilma atrai prefeitos para baixar resistência do PT- SP

Responsável pelo PAC tenta ampliar apoio para possível candidatura ao Planalto

Até 2010, Osasco, Diadema e Guarulhos devem receber R$ 687 mi; ministra sofre resistência nos grupos ligados a Marta Suplicy

Alan Marques - 12.dez.08/Folha Imagem
A ministra Dilma Rousseff, cotada para ser candidata em 2010

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Principal nome do governo federal para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) terá o apoio dos prefeitos e ex-prefeitos petistas para quebrar neste ano o maior -e talvez o último- foco de resistência interna a sua pré-candidatura: o PT paulista.
Além do peso do Palácio do Planalto, Dilma conta com um aliado importante na relação com os paulistas, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que ela comanda na Casa Civil desde 2007.
Segundo levantamento da Folha com base em dados da Casa Civil, três dos principais municípios administrados pelo PT no Estado -Guarulhos, Osasco e Diadema- deverão receber até 2010 R$ 687 milhões para investir em obras (veja quadro nesta página).
Somam-se ao trio cidades que anteontem, com a posse dos novos prefeitos, deixaram o domínio petista, mas foram beneficiadas pelo programa e onde seus ex-administradores já anunciaram a intenção de concorrer ao Parlamento federal ou estadual em 2010, como Araraquara, do atual presidente do PT-SP, Edinho Silva.
Até o final de 2009, Silva estará à frente do partido no Estado. Em 2007, ele obteve da Casa Civil o compromisso de que R$ 16,9 milhões serão repassados pelo PAC a Araraquara, cidade com cerca de 200 mil habitantes -São José dos Campos, com cerca de 610 mil habitantes e administrada pelo PSDB tem prometidos do governo federal R$ 2,2 milhões.
Os petistas argumentam que as verbas do governo federal são fundamentais para a próxima gestão das prefeituras, dizendo que não esperam obter grandes repasses do governo estadual, comandado pelo tucano José Serra, também potencial candidato ao Planalto.

Grupo em alta
Os atuais e ex-prefeitos estão em ascensão no Estado onde as tradicionais "estrelas petistas" atravessam processos de desgaste e onde Dilma, filiada ao PT do Rio Grande do Sul, possui pouca influência.
A Folha ouviu os principais prefeitos e ex-prefeitos do PT paulista. Todos defendem a pré-candidatura Dilma ou pelo menos reconhecem que ela é o nome mais forte até agora e dizem que não irão se opor a uma eventual candidatura.
O ex-ministro Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo do Campo e amigo de Lula, está entre eles: "Possivelmente a ministra seja confirmada como candidata. Eu participarei da campanha dela. Como militante atuarei com prefeitos e outros agentes para poder ampliar a base de apoio".
Emídio de Souza, reeleito em Osasco, endossa: "Certamente eu a apoiaria. É um dos quadros mais preparados".
É justamente entre as correntes petistas ligadas à Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo e ex-ministra do Turismo, atualmente hegemônicas na capital e fortes no interior, que Dilma encontra resistências. Também há obstáculos nos grupos do senador Aloizio Mercadante, do ex-ministro José Dirceu e do deputado federal João Paulo Cunha, ainda que em menor grau.
"A decisão necessariamente vai passar por São Paulo. Os paulistas sempre têm importância dentro do partido. Foi em São Paulo que ele nasceu, mas não é por isso que nós vamos tratar alguém de maneira diferente", disse a ministra à Folha após um encontro com os prefeitos e vereadores petistas do Estado organizado no fim de novembro por Silva.
Ao desembarcar do carro oficial em hotel dos Jardins (zona oeste da capital), após ter cumprido extensa agenda com Lula no Rio, Dilma abraçou o então prefeito e disse: "Edinho, te dei minha palavra, disse que vinha, e vim". Diante dos prefeitos, ele fez muitos elogios à ministra.
"Marta ainda é um liderança muito sólida. Mas, cada vez mais, a conjuntura econômica ganha peso dentro do processo de escolha. E a ministra está na linha de frente do governo Lula", afirmou Silva.


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