São Paulo, terça-feira, 03 de fevereiro de 2004

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DEFESA

Grupo russo também oferece cooperação com a Embraer

Rússia envia missão ao Brasil para tentar vencer concorrência da FAB

IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


A Rússia dará, no dia 17 de fevereiro, sua última cartada na concorrência internacional para a compra dos novos caças da FAB (Força Aérea Brasileira), a licitação F-X, um negócio estimado em US$ 700 milhões que deverá ser fechado em março.
Alguns dos principais nomes da área de defesa do país virão ao Brasil, integrando uma missão de 60 empresários que pretendem incrementar a pauta comercial numa iniciativa conjunta com o Itamaraty. O Brasil está em negociação com a Rússia na área agropecuária e de tecnologia de lançamento de satélites, entre outras.
Na cabeça da missão russa, o vice-premiê encarregado de assuntos de defesa, Boris Alyeshin. No cardápio, a oferta de cooperação com a brasileira Embraer, que participa da concorrência F-X como parceira da francesa Dassault, oferecendo o supersônico Mirage-2000BR.
A Rússia quer vender o Sukhoi Su-35, versão mais moderna do bem-sucedido modelo Su-27, para a FAB. Está associada, por meio da Rosoboronexport, com a empresa brasileira Avibrás.
A Sukhoi disse estar disposta a negociar cooperação com a Embraer, caso o Su-35 ganhe. A Embraer rechaça com vigor a possibilidade, até porque não pode falar em cooperação com um concorrente antes do fim da disputa.
Nos meios militares, de todo modo, poucos duvidam que a Embraer acabe participando do projeto do novo caça da FAB, de um jeito ou de outro. Será necessário "know-how" para entender os códigos-fontes do software do avião a ser comprado, ou seja, ter acesso ao cérebro que controla o aparelho e o integra a radares e sistemas de armas.
Essa transferência tecnológica é pré-requisito da FAB. Sem ela, compra-se o avião e não se pode adaptá-lo -como o uso de um armamento diferente, por exemplo. A Avibrás, com grande experiência na integração de sistemas eletrônicos, também é vista como parceira potencial.
Além do Su-35, concorrem na F-X o anglo-sueco Gripen e o norte-americano F-16. O russo MiG-29 concorre, mas a Rússia concentra seus esforços no Su-35, um avião mais moderno.
A cúpula da Sukhoi virá ao Brasil: o diretor-geral, Mikhail Pogosian, e o vice, Alexander Klementiev. O grupo confirma a disposição em negociar com a Embraer a abertura do mercado aeronáutico civil russo, informação revelada pela Folha em dezembro. A brasileira descarta tal sugestão.

Lobbies
Nos últimos dias, intensificaram-se as movimentações dos lobbies da F-X. Ganhou destaque a informação de que os radares do Gripen em serviço na Flygvapnet (Força Aérea Sueca) tiveram problemas, impedindo vôo noturno. A Sukhoi, por sua vez, negou notícias de que houve falha em motores de seus aviões na Índia. Já a MiG divulgou nota para dizer que ainda está no páreo e que oferece parceria à Embraer na montagem do MiG-29 para Brasil e Venezuela, interessada no modelo.


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