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CRISE NA SUCESSÃO
José Carlos Madeira recebeu telefonema de Roseana Sarney
Juiz diz que recebeu pressão do PFL para intervir em ação
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS
O juiz federal do Maranhão José
Carlos Madeira recebeu anteontem pressão do grupo ligado à governadora e presidenciável Roseana Sarney (PFL) para que interviesse na busca e apreensão
que a Polícia Federal realizava no
escritório da empresa Lunus, de
propriedade de Roseana e de seu
marido, Jorge Murad, gerente de
Planejamento e Desenvolvimento
Econômico do Estado.
O juiz Madeira recebeu ligações
da própria Roseana Sarney, que,
segundo ele, estaria muito "aflita"
e "preocupada", do gerente de
Justiça, Segurança Pública e Cidadania, Raimundo Soares Cutrim,
e do advogado de Roseana e Murad, Vinícius Martin.
Pelo que afirma o juiz, pelo menos nas duas últimas ligações
houve pedido explícito para intervenção contra a ação da Polícia
Federal, que durou mais de dez
horas em São Luís. ""Mas isso [a
intervenção" não ocorreu", declarou o magistrado.
Carta precatória
Madeira foi o responsável pela
determinação da busca e apreensão, tendo acatado um pedido feito em carta precatória pela Justiça
Federal de Tocantins, Estado que
concentra as investigações sobre
irregularidades na extinta Sudam
(Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).
A Lunus, empresa de assessoria
que tem como objetivo principal a
participação em outras empresas,
estaria sob suspeita de integrar
projetos irregulares da Sudam.
Sobre as ligações que recebeu, o
juiz relatou que a governadora
Roseana Sarney reclamou de não
ter sido ""avisada de nada" e queria explicações sobre o que embasava o pedido de busca e apreensão no escritório.
O juiz afirmou que, por ser um
assunto técnico, pediu para falar
com o advogado da governadora.
Disse então ele que apenas cumpria o pedido da Justiça de Tocantins, não podendo dar mais detalhes por causa do sigilo que envolveria o processo.
Advogado
Quando já estava acompanhando a vistoria da PF, o advogado
Vinícius Martin ligou novamente
para o juiz. Desta vez, segundo
Madeira, "demonstrando preocupação com um fato das buscas"
e pedindo para que o juiz falasse
com o delegado da PF que estava
chefiando os trabalhos. "Falei
com o delegado, ele confirmou a
existência do fato, mas eu nada
pude fazer, pois isso estava determinado no texto do mandado
vindo de Tocantins", disse.
O juiz Madeira não quis revelar
do que se tratava, dizendo que,
como o caso tem repercussão nacional, não tinha uma avaliação
certa sobre qual seria o impacto
da revelação.
Já no telefonema do gerente de
Segurança Pública, que já foi superintendente da Polícia Federal
no Estado, Madeira foi questionado sobre se Murad, por ter status
de secretário de Estado, não teria
foro privilegiado.
O juiz afirma ter respondido
que não poderia emitir juízo de
valor sobre uma determinação do
colega de Tocantins.
Polícia Federal
No final da tarde ontem, a Polícia Federal informou que teria
apreendido no local computadores, disquetes e outros documentos. Também havia informações
não oficiais de que foi apreendido
dinheiro -estima-se que cerca
de R$ 1,4 milhão e US$ 200 mil.
"Há informações a esse respeito, mas ainda são extraoficiais",
disse Madeira. O juiz confirmou
que outras empresas em São Luís
também estariam sendo vistoriadas pela Polícia Federal -especula-se que tenham sido até 12 escritórios devassados, mas o juiz declarou que não poderia falar sobre
isso devido ao segredo de Justiça
que envolve o caso.
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