São Paulo, domingo, 03 de março de 2002

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CRISE NA SUCESSÃO

Governador faz duras declarações e afirma que o objetivo foi favorecer a candidatura de Serra

Garotinho vê ação da PF como "eleitoreira"

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

Nas suas mais duras declarações desde que anunciou a pré-candidatura à Presidência, o governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB), disse ontem que, ""do jeito que as coisas vão, é melhor acabar com a eleição direta, instituir a votação pelo Colégio Eleitoral e decidir logo que José Serra [PSDB" é presidente".
Garotinho considerou ""ação eleitoral" a operação de busca e apreensão da Polícia Federal num escritório da empresa Lunus, de propriedade de Jorge Murad, marido da governadora do Maranhão e pré-candidata presidencial do PFL, Roseana Sarney.
Antes do retorno da eleição direta, em 1989, o presidente da República era escolhido desde meados da década de 60 por um Colégio Eleitoral formado por algumas centenas de representantes, num pleito indireto.
""Faço uma análise mais ampla do que vem ocorrendo nos últimos dias", afirmou Garotinho. O governador do Rio citou a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de verticalizar as eleições, impondo nos Estados as mesmas coligações nacionais.
""O processo de verticalização teve como alvo, principalmente, prejudicar a minha candidatura", disse Garotinho.
O pré-candidato do PSB apontou o que considera ingerência governamental no PMDB: ""As movimentações do governo tentam impedir a candidatura de Itamar Franco [ex-presidente e governador de Minas Gerais", agindo dentro do partido do próprio governador. Agora, há essa ação da Polícia Federal em cima da candidata Roseana Sarney."
""O que eu percebo é que o governo quer montar o cenário ideal, impondo à sociedade brasileira praticamente duas candidaturas: a do candidato dele, José Serra, e a do candidato do PT [Luiz Inácio Lula da Silva"", afirmou Garotinho. ""Como a Folha vem revelando, os líderes dos dois partidos têm mantido diversos encontros."
Ontem a Folha publicou que o PSDB e setores do PT e do PMDB fizeram uma espécie de "aliança informal" para tentar manter a decisão do TSE.
Para o governador, a ação policial anteontem no Maranhão, obedecendo a ordem judicial, teve objetivo de ajudar a pré-candidatura de Serra.
""Eu fico me perguntando: o governo sabia disso há tanto tempo; a Justiça sabia disso há tanto tempo; por que só fazer isso agora? É a utilização dos meios do Estado para eliminar os concorrentes do candidato oficial", afirmou o presidenciável.
Garotinho se disse ""indignado": ""Nem a ditadura militar [1964-85" fez isso, utilizou esses expedientes. [O presidente" Fernando Henrique está manchando a sua história política, se tornando quase um tirano."
O governador do Rio, cuja vice é Benedita da Silva, pré-candidata petista ao governo estadual, criticou o PT: ""O que me causa profunda estranheza é a postura do PT. O PT devia estar nessa hora indignado com o governo. Em vez disso, seus emissários estão reunidos secretamente com emissários do palácio do Planalto. Tratam de segurar a candidatura de Lula e de viabilizar o segundo turno que eles querem".
Garotinho afirmou que manterá sua candidatura presidencial, a despeito da norma aprovada pelo TSE, que estrangula sua busca por aliados estaduais.
""Eu não vou em hipótese alguma me curvar diante disso que eu chamo de ditadura da candidatura oficial. Querem escolher até quem vai ser o adversário", afirmou o governador.
Na pesquisa Datafolha publicada no domingo passado, Garotinho aparece com 13% das intenções de voto no principal cenário.
O petista Luiz Inácio Lula da Silva lidera a disputa com 26% da intenção de voto. Roseana Sarney tem 23%; José Serra, 10%; Ciro Gomes (PPS), 8%; e Itamar Franco, 6%. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.


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