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CRISE NA SUCESSÃO
Governador faz duras declarações e afirma que o objetivo foi favorecer a candidatura de Serra
Garotinho vê ação da PF como "eleitoreira"
MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO
Nas suas mais duras declarações
desde que anunciou a pré-candidatura à Presidência, o governador do Rio, Anthony Garotinho
(PSB), disse ontem que, ""do jeito
que as coisas vão, é melhor acabar
com a eleição direta, instituir a votação pelo Colégio Eleitoral e decidir logo que José Serra [PSDB" é
presidente".
Garotinho considerou ""ação
eleitoral" a operação de busca e
apreensão da Polícia Federal num
escritório da empresa Lunus, de
propriedade de Jorge Murad, marido da governadora do Maranhão e pré-candidata presidencial
do PFL, Roseana Sarney.
Antes do retorno da eleição direta, em 1989, o presidente da República era escolhido desde meados da década de 60 por um Colégio Eleitoral formado por algumas centenas de representantes,
num pleito indireto.
""Faço uma análise mais ampla
do que vem ocorrendo nos últimos dias", afirmou Garotinho. O
governador do Rio citou a decisão
do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de verticalizar as eleições, impondo nos Estados as mesmas coligações nacionais.
""O processo de verticalização
teve como alvo, principalmente,
prejudicar a minha candidatura",
disse Garotinho.
O pré-candidato do PSB apontou o que considera ingerência
governamental no PMDB: ""As
movimentações do governo tentam impedir a candidatura de Itamar Franco [ex-presidente e governador de Minas Gerais", agindo dentro do partido do próprio
governador. Agora, há essa ação
da Polícia Federal em cima da
candidata Roseana Sarney."
""O que eu percebo é que o governo quer montar o cenário
ideal, impondo à sociedade brasileira praticamente duas candidaturas: a do candidato dele, José
Serra, e a do candidato do PT
[Luiz Inácio Lula da Silva"", afirmou Garotinho. ""Como a Folha
vem revelando, os líderes dos dois
partidos têm mantido diversos
encontros."
Ontem a Folha publicou que o
PSDB e setores do PT e do PMDB
fizeram uma espécie de "aliança
informal" para tentar manter a
decisão do TSE.
Para o governador, a ação policial anteontem no Maranhão,
obedecendo a ordem judicial, teve
objetivo de ajudar a pré-candidatura de Serra.
""Eu fico me perguntando: o governo sabia disso há tanto tempo;
a Justiça sabia disso há tanto tempo; por que só fazer isso agora? É a
utilização dos meios do Estado
para eliminar os concorrentes do
candidato oficial", afirmou o presidenciável.
Garotinho se disse ""indignado":
""Nem a ditadura militar [1964-85"
fez isso, utilizou esses expedientes. [O presidente" Fernando Henrique está manchando a sua história política, se tornando quase
um tirano."
O governador do Rio, cuja vice é
Benedita da Silva, pré-candidata
petista ao governo estadual, criticou o PT: ""O que me causa profunda estranheza é a postura do
PT. O PT devia estar nessa hora
indignado com o governo. Em vez
disso, seus emissários estão reunidos secretamente com emissários
do palácio do Planalto. Tratam de
segurar a candidatura de Lula e de
viabilizar o segundo turno que
eles querem".
Garotinho afirmou que manterá sua candidatura presidencial, a
despeito da norma aprovada pelo
TSE, que estrangula sua busca por
aliados estaduais.
""Eu não vou em hipótese alguma me curvar diante disso que eu
chamo de ditadura da candidatura oficial. Querem escolher até
quem vai ser o adversário", afirmou o governador.
Na pesquisa Datafolha publicada no domingo passado, Garotinho aparece com 13% das intenções de voto no principal cenário.
O petista Luiz Inácio Lula da Silva lidera a disputa com 26% da intenção de voto. Roseana Sarney
tem 23%; José Serra, 10%; Ciro
Gomes (PPS), 8%; e Itamar Franco, 6%. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais
para mais ou para menos.
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