São Paulo, sexta-feira, 03 de março de 2006 |
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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA Em entrevista à revista "The Economist", presidente diz que PIB não pode deprimir o governo Brasil não tem pressa de fazer a economia crescer, diz Lula
DA REDAÇÃO
SUPERÁVIT PRIMÁRIO - Sobre o contraste entre a rígida meta de superávit primário do governo com o alto crescimento de gastos não-financeiros, Lula relembrou a tese econômica recorrente dos anos 80 de que o "bolo tem de crescer para depois ser repartido": "Por muitos anos, o Brasil viveu um eterno dilema. Primeiro o país tinha de crescer para depois distribuir as riquezas. E, como se vê, nós temos que distribuir riquezas junto com o crescimento". COMÉRCIO E TERRORISMO - Lula apelou ao humanismo europeu para defender a redução do protecionismo agrícola nos países da região. Defendeu que os países ricos deveriam tornar o comércio de produtos agrícolas "mais favoráveis aos países pobres": "A Europa precisa ter uma posição mais progressista". Porém, o presidente também relacionou liberação de comércio com o combate ao terrorismo, tema caro aos ingleses, que sofreram atentados no ano passado: "Eu acho que a paz, a luta contra o terrorismo e a redução do fundamentalismo estão conectadas com o aumento da qualidade de vida dos pobres". AMÉRICA LATINA - O presidente manifestou duas idéias sobre como atenuar os problemas da região. A primeira é melhorar a relação entre os EUA e a Venezuela: "Eles [EUA] têm de ser amigos da Venezuela e da democracia venezuelana". Ao falar sobre a Bolívia, o presidente disse que uma solução para o país vizinho seria substituir a plantação de coca por vegetais que podem servir para a produção de biodiesel. Também defendeu como solução que os países ricos, como os EUA, comprassem a produção de coca da Bolívia por preços mais altos do que os praticados pelos traficantes, destruindo-a em seguida. "MENSALÃO" - Questionado se o PT perdeu o direito de ser o "guardião" da ética no Brasil depois do escândalo do "mensalão", o presidente diz que o PT foi massacrado e que nos próximos anos o partido terá muito a explicar para a sociedade. Segundo Lula, a melhor referência de caráter do PT serão os resultados das CPIs. "Os relatórios [das CPIs] serão um importante instrumento de defesa para o PT." CAIXA DOIS - Sobre a afirmação de que as CPIs deverão mostrar evidências de que fundos de pensão foram usados para financiar partidos políticos, entre eles o PT, Lula não quis se pronunciar e disse preferir esperar pelos resultados das investigações das CPIs. O presidente afirmou, entretanto, que o PT não pode ser julgado por causa de um erro cometido por "meia dúzia de pessoas". "Quando eu concorri para a Presidência, eu não era presidente da República. Então, o PT não podia ser financiado com o dinheiro do sistema, porque era oposição. Eu não sei nada sobre essa história." BOLSA-FAMÍLIA - Para Lula, trata-se do mais importante programa de transferência de renda no mundo. "A única coisa melhor [que o Bolsa-Família] é trabalho em tempo integral e salário." Sobre irregularidades no programa, diz que não são culpa do governo federal. "Nós não somos os únicos a fazer cadastros. Nas cidades, são as autoridades municipais." FÓRUM SOCIAL X DAVOS - Colocado diante da metáfora de que
seria uma ponte entre dois mundos tão diversos como o Fórum
Social Mundial e o Fórum Econômico Mundial, por sua participação em ambos, Lula concorda.
"Tenho um bom relacionamento
com os dois mundos." E afirma
que, se for candidato e for reeleito,
ou mesmo que não seja candidato, quer participar dos dois fóruns
em 2007 e mostrar ao mundo o
que tem acontecido no Brasil nestes últimos quatro anos. |
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