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Verba do governo a fundações aumenta 136% desde 2003
Em 2007, com R$ 355,3 mi, entidades tiveram captação recorde de recursos federais
Presidente da associação de reitores cita mais repasses a hospitais e verbas da pasta de Ciência e Tecnologia como razões para aumento
SILVIO NAVARRO
LEILA SUWWAN
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Alvos de polêmica após o escândalo envolvendo a Finatec
(ligada à UnB), as fundações
"de apoio" a universidades federais receberam no ano passado 136% a mais em repasses do
governo federal do que em
2003, num aumento contínuo
desde o primeiro ano da gestão
Luiz Inácio Lula da Silva.
No total, o governo Lula repassou R$ 1,1 bilhão em cinco
anos para essas fundações. Boa
parte desses recursos tem como finalidade apoiar a pesquisa
ou o desenvolvimento de atividades acadêmicas, mas, a
exemplo do caso envolvendo a
Finatec, existem indícios de
desvios e irregularidades. Há
casos em que fundações são
contratadas pelo governo sem
licitação para prestar serviços
que poderiam ser contratados
por concorrência no mercado.
Em 2007, as entidades atingiram seu recorde de captação
de recursos federais: R$ 355,3
milhões. Em 2003, o montante
era de R$ 150,6 milhões (corrigidos). Ao encerrar seu mandato, em 2002, Fernando Henrique (PSDB) transferiu R$ 241,5
milhões (47% a menos).
Estrutura
Para Arquimedes Ciloni, presidente da Andifes (associação
dos reitores das federais), dois
motivos explicam o aumento
nesta gestão: transferências de
verbas de Ciência e Tecnologia
a universidades por meio de
fundações para infra-estrutura
de pesquisa a partir de 2003 e
maior direcionamento de verbas a hospitais universitários,
muitas vezes gerenciados pelas
entidades, sob o governo Lula.
Outra explicação é a regra
que determina que verba não
empenhada pelos órgãos públicos no exercício de um ano volte ao Tesouro. Em 2007, universidades tiveram suplementação de cerca de R$ 300 milhões do MEC em 28 de dezembro. "A essa altura, ninguém está com licitação na rua. O reitor
se vê obrigado a passar o dinheiro à fundação de apoio."
A Folha filtrou repasses federais de 2002 a 2007 para 71
fundações hoje credenciadas
pelo Ministério da Educação, a
partir de levantamento do Siafi
(sistema de acompanhamento
de gastos federais) feito pela
assessoria do DEM. Não foram
somados repasses diretos do
governo às universidades.
Os valores destinados a
ONGs e fundações ficam registradas sob a mesma rubrica:
"transferências a instituições
privadas sem fins lucrativos".
Governo e oposição discutem
se há espaço para incluir as
universidades na investigação
da CPI das ONGs.
Ministério Público nos Estados e os Tribunais de Contas já
flagraram indícios de desvios
ou mau uso de recursos. O
exemplo mais recente é o da
Finatec, que pagou mobília de
luxo e equipou o apartamento
do reitor da UnB, Timothy Mulholland, com dinheiro que, segundo a Promotoria, deveria
ter sido investido em pesquisa
-foram R$ 470 mil, segundo o
Ministério Público, e R$ 350
mil, de acordo com a universidade. Nesse caso, embora o dinheiro tenha sido passado pela
fundação, a decisão sobre o que
comprar foi da UnB.
O ranking de transferências
a fundações é encabeçado pela
Fundação de Desenvolvimento
da Pesquisa, ligada à federal de
Minas Gerais. Recebeu em cinco anos R$ 127,6 milhões, sendo R$ 44,7 milhões em 2007.
Por meio da assessoria de
imprensa, a Fundep explicou
que a liderança na lista se deve
à centralização de verbas para
o hospital universitário e também dos recursos para pesquisa injetados por agências de fomento. Justificativa: "o professor cuida da pesquisa, não precisa ficar se preocupando com
os aspecto administrativo".
Há casos de entidades que tiveram crescimento vertiginoso
nos últimos anos, como a Fundação José Américo, da Paraíba, que saltou de R$ 619.661 em
2003 para R$ 15,754 milhões
em 2007 (2.442%). As verbas
são originárias de programas
de "capacitação", "educação de
jovens e adultos no campo nacional" e "apoio a projetos educacionais inovado".
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