São Paulo, segunda-feira, 03 de abril de 2000


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QUESTÃO AGRÁRIA
Líder sem-terra é acusado de co-autoria de homicídios; manifestantes fazem vigília em Vitória
Sob tensão, Rainha vai a julgamento

ELIANE SILVA
da Agência Folha, em São José do Rio Preto

Com ruas interditadas e vigília de milhares de pessoas, começa hoje às 8h, no Fórum de Vitória (ES), o julgamento de José Rainha Júnior, 39, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Rainha é acusado de co-autoria no assassinato do fazendeiro José Machado Neto e do policial militar Sérgio Narciso em junho de 1989 durante uma invasão de terras em Pedro Canário (ES).
No primeiro julgamento, em Pedro Canário, o dirigente sem-terra foi condenado a 26 anos e seis meses de reclusão. Ele ganhou o direito a um segundo julgamento porque sua pena ultrapassou os 20 anos.
Ontem, segundo a Polícia Militar, cerca de cem ônibus com assentados e acampados do MST já estavam acampados em diversos locais de Vitória, vindo de várias cidades do Brasil. Só do Pontal do Paranapanema, base de atuação de Rainha e local dos principais conflitos de terra em São Paulo, saíram 19 ônibus no sábado com cerca de mil pessoas, entre homens e mulheres.
Ontem, a previsão dos líderes do movimento era reunir 5.000 manifestantes na área externa do fórum durante o julgamento.
O objetivo da vigília, segundo Manoel Messias Duda, 38, dirigente do movimento em São Paulo, é pressionar para que Rainha tenha um julgamento limpo. Duda afirmou que a manifestação do MST em Vitória é pacífica. Questionado se os participantes da vigília planejam algum tipo de protesto, caso o tribunal confirme a condenação de Rainha, Duda disse: "Vai depender muito das circunstâncias".
A PM de Vitória interditou sete quarteirões na área do Fórum, no centro da cidade. Cerca de 200 policiais vão trabalhar nas imediações do Fórum hoje.
Estava previsto para a noite de ontem o início da vigília do MST na praça da Catedral Metropolitana com uma celebração ecumênica comandada por d. Tomás Balduino, presidente da Comissão Pastoral da Terra.
Os organizadores anunciaram ainda a presença de artistas regionais e simpatizantes do MST.
Na defesa de Rainha estão os seguintes advogados: o criminalista Evandro Lins e Silva, ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, e Luís Eduardo Greenhalgh -ligado ao PT.
A defesa vai tentar provar que, no dia da invasão que resultou nas mortes do fazendeiro e do policial, Rainha estava no Ceará.
No mês passado, o líder sem-terra obteve apoio de seis fazendeiros do Pontal do Paranapanema e recebeu um título de cidadania em Ribeirão Preto, interior de São Paulo.


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