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QUESTÃO AGRÁRIA
Líder sem-terra é acusado de co-autoria de homicídios; manifestantes fazem vigília em Vitória
Sob tensão, Rainha vai a julgamento
ELIANE SILVA
da Agência Folha, em São José do Rio Preto
Com ruas interditadas e vigília
de milhares de pessoas, começa
hoje às 8h, no Fórum de Vitória
(ES), o julgamento de José Rainha
Júnior, 39, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra.
Rainha é acusado de co-autoria
no assassinato do fazendeiro José
Machado Neto e do policial militar Sérgio Narciso em junho de
1989 durante uma invasão de terras em Pedro Canário (ES).
No primeiro julgamento, em
Pedro Canário, o dirigente sem-terra foi condenado a 26 anos e
seis meses de reclusão. Ele ganhou o direito a um segundo julgamento porque sua pena ultrapassou os 20 anos.
Ontem, segundo a Polícia Militar, cerca de cem ônibus com assentados e acampados do MST já
estavam acampados em diversos
locais de Vitória, vindo de várias
cidades do Brasil. Só do Pontal do
Paranapanema, base de atuação
de Rainha e local dos principais
conflitos de terra em São Paulo,
saíram 19 ônibus no sábado com
cerca de mil pessoas, entre homens e mulheres.
Ontem, a previsão dos líderes
do movimento era reunir 5.000
manifestantes na área externa do
fórum durante o julgamento.
O objetivo da vigília, segundo
Manoel Messias Duda, 38, dirigente do movimento em São Paulo, é pressionar para que Rainha
tenha um julgamento limpo. Duda afirmou que a manifestação
do MST em Vitória é pacífica.
Questionado se os participantes
da vigília planejam algum tipo de
protesto, caso o tribunal confirme a condenação de Rainha, Duda disse: "Vai depender muito
das circunstâncias".
A PM de Vitória interditou sete
quarteirões na área do Fórum, no
centro da cidade. Cerca de 200
policiais vão trabalhar nas imediações do Fórum hoje.
Estava previsto para a noite de
ontem o início da vigília do MST
na praça da Catedral Metropolitana com uma celebração ecumênica comandada por d. Tomás
Balduino, presidente da Comissão Pastoral da Terra.
Os organizadores anunciaram
ainda a presença de artistas regionais e simpatizantes do MST.
Na defesa de Rainha estão os seguintes advogados: o criminalista
Evandro Lins e Silva, ministro
aposentado do Supremo Tribunal Federal, e Luís Eduardo Greenhalgh -ligado ao PT.
A defesa vai tentar provar que,
no dia da invasão que resultou
nas mortes do fazendeiro e do policial, Rainha estava no Ceará.
No mês passado, o líder sem-terra obteve apoio de seis fazendeiros do Pontal do Paranapanema e recebeu um título de cidadania em Ribeirão Preto, interior de
São Paulo.
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