São Paulo, segunda-feira, 03 de abril de 2000


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Juíza assume Eldorado do Carajás

da Agência Folha, em Belém

A juíza Edinéia Oliveira Tavares é a nova responsável pelo julgamento dos envolvidos no massacre de Eldorado do Carajás (PA).
Seu nome foi sorteado na semana passada pelo presidente do TJ (Tribunal de Justiça) do Pará, José Alberto Maia, depois que o juiz Ronaldo Valle decidiu se afastar do caso, na última terça-feira.
Valle presidiu a primeira das 27 sessões previstas para o julgamento dos 150 policiais militares envolvidos no massacre.
Naquela sessão, foram absolvidos os três oficiais da PM que comandaram a operação, ocorrida em 17 abril de 1996 e que deixou 19 sem-terra mortos e mais de 60 pessoas feridas durante a desobstrução da rodovia PA-150.
Com 16 anos de experiência na magistratura, Edinéia Tavares é responsável também pelo julgamento do fazendeiro Jerônimo Alves Amorim, acusado de mandar matar, em 1991, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria, Expedito Ribeiro de Souza. A juíza não quis comentar seu novo trabalho.

Saída
Valle decidiu deixar o caso um dia após os desembargadores do TJ negarem seu afastamento, pedido pelo Ministério Público.
O juiz disse, na última terça, que "acusações levianas, desprovidas de qualquer fundamento e imensuravelmente desrespeitosas" haviam sido feitas pelo promotor Marco Aurélio Nascimento, que o acusou de ser "parcial" no julgamento que absolveu o coronel Mário Colares Pantoja, do major José Maria Oliveira e do capitão Raimundo Almendra Lameira.
Valle afirmou ainda que não concorda com pressões internacionais pela "condenação de qualquer maneira" dos policiais.
Segundo a argumentação do Ministério Público, o juiz Valle teria sido parcial porque discutiu com parlamentares petistas ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) durante uma reunião.
Além disso, havia dito publicamente que voltaria a usar o quesito de insuficiência de provas, que acabou absolvendo os oficiais.

Anulação
O promotor Marco Aurélio Nascimento disse não ter críticas sobre a juíza Ednéia Tavares.
O coordenador estadual do MST no Pará, Lindomar Silva, afirmou, por sua vez, que o importante agora é a anulação da primeira sessão, pedida em um recurso apresentado pelo Ministério Público.
O julgamento do massacre está parado desde 26 de agosto passado, quando Nascimento abandonou a sessão em protesto.
Para que o caso seja retomado, o TJ terá de julgar o recurso. A decisão está prevista para este mês.


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