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Juíza assume Eldorado do Carajás
da Agência Folha, em Belém
A juíza Edinéia Oliveira Tavares
é a nova responsável pelo julgamento dos envolvidos no massacre de Eldorado do Carajás (PA).
Seu nome foi sorteado na semana passada pelo presidente do TJ
(Tribunal de Justiça) do Pará, José
Alberto Maia, depois que o juiz
Ronaldo Valle decidiu se afastar
do caso, na última terça-feira.
Valle presidiu a primeira das 27
sessões previstas para o julgamento dos 150 policiais militares
envolvidos no massacre.
Naquela sessão, foram absolvidos os três oficiais da PM que comandaram a operação, ocorrida
em 17 abril de 1996 e que deixou
19 sem-terra mortos e mais de 60
pessoas feridas durante a desobstrução da rodovia PA-150.
Com 16 anos de experiência na
magistratura, Edinéia Tavares é
responsável também pelo julgamento do fazendeiro Jerônimo
Alves Amorim, acusado de mandar matar, em 1991, o presidente
do Sindicato dos Trabalhadores
Rurais de Rio Maria, Expedito Ribeiro de Souza. A juíza não quis
comentar seu novo trabalho.
Saída
Valle decidiu deixar o caso um
dia após os desembargadores do
TJ negarem seu afastamento, pedido pelo Ministério Público.
O juiz disse, na última terça, que
"acusações levianas, desprovidas
de qualquer fundamento e imensuravelmente desrespeitosas" haviam sido feitas pelo promotor
Marco Aurélio Nascimento, que o
acusou de ser "parcial" no julgamento que absolveu o coronel
Mário Colares Pantoja, do major
José Maria Oliveira e do capitão
Raimundo Almendra Lameira.
Valle afirmou ainda que não
concorda com pressões internacionais pela "condenação de
qualquer maneira" dos policiais.
Segundo a argumentação do
Ministério Público, o juiz Valle teria sido parcial porque discutiu
com parlamentares petistas ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) durante uma reunião.
Além disso, havia dito publicamente que voltaria a usar o quesito de insuficiência de provas, que
acabou absolvendo os oficiais.
Anulação
O promotor Marco Aurélio
Nascimento disse não ter críticas
sobre a juíza Ednéia Tavares.
O coordenador estadual do
MST no Pará, Lindomar Silva,
afirmou, por sua vez, que o importante agora é a anulação da
primeira sessão, pedida em um
recurso apresentado pelo Ministério Público.
O julgamento do massacre está
parado desde 26 de agosto passado, quando Nascimento abandonou a sessão em protesto.
Para que o caso seja retomado, o
TJ terá de julgar o recurso. A decisão está prevista para este mês.
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