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GRAMPO NO BNDES
MPF apura caso
Acusados de escuta serão chamados a depor
ANTONIO CARLOS DE FARIA
DA SUCURSAL DO RIO
O Ministério Público Federal e a
PF (Polícia Federal) decidiram tomar depoimentos do advogado
Jorge Luís Moura e de Yolanda
Santana Lopes, ex-funcionária do
governo da Bahia, para apurar o
suposto envolvimento dos dois
com a escuta telefônica clandestina no BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social).
Segundo reportagem da revista
"Época", os dois teriam tentado
vender gravações feitas no período da privatização do sistema Telebrás, em 1998, nas quais apareceriam diálogos ainda não revelados entre o presidente Fernando
Henrique Cardoso e o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros.
Com base nos depoimentos, diz
o delegado da PF Cláudio Nogueira, poderá ser aberto um novo inquérito sobre o caso. As investigações sobre o grampo no BNDES já
resultaram em uma ação penal,
em julgamento na Justiça Federal.
"Talvez os dois possam nos fornecer mais provas para o processo em curso, no qual já conseguimos denunciar a origem institucional do grampo", afirmou o delegado, que faz parte da Divisão
de Combate ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais da PF.
Ao falar em origem institucional, ele faz referência à acusação
movida contra funcionários do
escritório carioca da Abin (Agência Brasileira de Inteligência),
apontados como autores do
grampo.
São réus no processo os funcionários da Abin João Guilherme
dos Santos Almeida, Gerci Firmino da Silva e Temílson Antônio
Barreto de Resende, o Telmo.
Também são acusados o detetive particular Adilson Alcântara
de Mattos e o ex-policial federal
Célio Rocha. Os quatro primeiros
negam envolvimento no crime.
Rocha confessou ter sido convidado a participar do grampo e denunciou os demais.
A Folha tentou ouvir o advogado Jorge Luís Moura, mas ele não
foi encontrado nos telefones fornecidos pela empresa telefônica
local. Além das gravações do
BNDES, Moura e Yolanda teriam
tentado vender fitas sobre transações envolvendo a Petrobras, pelas quais estariam pedindo R$ 12
milhões. As fitas do banco custariam R$ 20 milhões.
Para o Ministério Público, é fato
conhecido que há outras fitas,
além das já reveladas, sobre a escuta clandestina no BNDES. Entre os procuradores, há pouca esperança de que as novas gravações, se comprovadas, possam
trazer informações relevantes.
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