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São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2003

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ANÁLISE

Juro e inflação podem cair

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O que o novo texto aprovado para o artigo 192 da Constituição muda na vida de trabalhadores e empresários? A resposta é: nada.
No entanto, só a expectativa de aprovação do projeto contribuiu, nos últimos dias, para a queda do dólar, a melhora do risco-país e a alta da Bolsa -pode-se dizer até que cresceram as chances de obter uma inflação mais baixa e reduzir os juros mais cedo.
A explicação é que, acima de sofisticadas análises e projeções, o mercado financeiro se guia por sinais momentâneos.
E, ainda que mantenha os olhos voltados para o futuro, avalia um dia de cada vez. Por ora, a mensagem é que há razões para subir as apostas no sucesso do governo de Luiz Inácio Lula da Silva em aprovar as reformas, especialmente a da Previdência, prioritária para os investidores.
Desde o desfecho das eleições, as principais iniciativas da equipe de Lula foram voltadas a desfazer o clima de incerteza instalado no mercado -ou, como disseram os próprios petistas, aplicar um "choque de credibilidade".
Elevaram-se os juros, mesmo quando não havia certeza da necessidade da medida, para demonstrar que o Banco Central não sofreria influência política; as metas fiscais foram apertadas antes da previsível exigência do FMI; a nova etapa é mostrar iniciativa e força política.

Objetivo
O objetivo final do projeto aprovado ontem -e que ainda terá de passar por nova votação na Câmara- é permitir que uma lei complementar conceda autonomia ao BC, na forma de mandatos fixos para o presidente e os diretores da instituição.
Tal proposta, que não é citada em nenhuma das 683 páginas dos documentos do programa de governo petista, ainda está distante, sem nenhum consenso na base aliada ao Planalto.
No governo, só a Fazenda mantém a promessa de tentar votá-la ainda neste ano.
Mais remotas ainda são as perspectivas de regulamentar outros pontos do artigo 192, como cooperativas de crédito, resseguros e temas menos cotados. Mas nada disso importa -por ora, o sinal favorável já serve.


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