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AGENDA PETISTA
Mercadante defende início de trâmite com senadores para acelerar processo; João Paulo e deputados rejeitam idéia
Senado disputa reforma com a Câmara
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os líderes do PMDB, do PFL e
do PSDB no Senado decidiram
encampar a proposta do líder do
governo, Aloizio Mercadante
(PT-SP), de iniciar por aquela Casa a tramitação da reforma do sistema tributário, paralelamente ao
exame da reforma da Previdência
pela Câmara dos Deputados.
O acordo entre os líderes do governo e da oposição no Senado
também teve o apoio do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). E acirrou o confronto com a
Câmara, onde o presidente, João
Paulo Cunha (PT-SP), e líderes
partidários voltaram a reagir contra a idéia.
Coube ao líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), defender em
plenário o direito de o Senado votar primeiro a reforma tributária.
"O Senado é a Casa que representa a federação [tem três representantes por Estado], e a reforma
tributária tem tudo a ver com o
pacto federativo. Nada impede
que ela comece por aqui", disse.
Pressa
Para os líderes da oposição, se
cada reforma começar por uma
Casa diferente e, depois, for remetida à outra, o processo de votação será apressado. Eles criticam a
reação da Câmara.
"O país não quer que uma questão como essa seja tratada corporativamente. Não dá para, corporativamente, medir forças", afirmou Calheiros. "Se os líderes encamparem a proposta, acho uma
boa idéia", disse Sarney.
Segundo Mercadante, a idéia é
sua, e não do governo -que ainda não teria uma posição sobre o
assunto. O senador disse que só
insistirá na tese se houver acordo
com a Câmara.
"Não vamos patrocinar um
confronto entre as duas Casas. Essa idéia não tem como avançar se
não tiver acordo com os deputados. Se na Câmara o sentimento é
esse [de não aceitação", mantenha-se o rito tradicional e as duas
reformas começam pela Câmara.
Mas vamos tentar um entendimento", afirmou.
O líder do governo divulgou um
parecer da CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça) do Senado
para contestar o principal argumento dos deputados: de que seria inconstitucional iniciar a tramitação de uma proposta do Executivo pelo Senado.
Por esse parecer (número 692,
de 1995), do ex-senador Bernardo
Cabral (PFL-AM), uma proposta
do Executivo tem que ser iniciada
pela Câmara obrigatoriamente
somente quando se tratar de projeto de lei ordinária.
Câmara
Os deputados que coordenam a
Comissão Especial de Reforma
Tributária da Câmara ameaçam
-com o aval de João Paulo-
elaborar e votar um projeto paralelo ao do governo caso seja colocada em prática a proposta de dividir o início das tramitações.
A maioria dos líderes da Câmara se posicionou contra a proposta. "Acho que o Mercadante falou
de uma posição pessoal dele, não
do governo. Não existe nenhuma
posição do governo em relação a
isso", disse Nelson Pellegrino, líder da bancada do PT na Câmara.
João Paulo se encontrou em café
da manhã anteontem com o ministro-chefe da Casa Civil, José
Dirceu, e teria exposto a ele a sua
oposição à tramitação conjunta.
No encontro, Dirceu teria afirmado a ele ser contrário à proposta.
"Estou há oito anos na Câmara
e, pelo que sei, todas as reformas
se iniciam pela Câmara, e não no
Senado. É bom que se mantenha
esse rito. Se alguém quiser mudar,
tem que alterar a Constituição",
afirmou ontem João Paulo. Anteontem, na tribuna da Câmara,
ele afirmou que o Senado deveria
ter a "lucidez" de obedecer à
Constituição.
"Isso é uma violação do texto
constitucional. Não devemos forçar a natureza das coisas, deve haver transparência", disse o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP).
(RAQUEL ULHÔA E RANIER BRAGON)
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