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São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2003

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Graziano rebate crítica do Bird ao Fome Zero

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No dia em que anunciou o início da distribuição de cestas básicas, o ministro José Graziano (Segurança Alimentar) declarou que o governo só adota a política de distribuição de alimentos quando isso beneficia comunidades em situação de calamidade pública.
A declaração do ministro foi para rebater as críticas feitas por David de Ferranti, vice-presidente do Bird (Banco Mundial) para a América Latina, no dia 31, em Brasília. Sem citar nominalmente o Fome Zero, ele disse que ações de distribuição de alimentos são "caras e ineficientes".
Graziano disse que, além da situação de calamidade pública, cestas básicas são adequadas a comunidades isoladas ou para aquelas em que as refeições são feitas de forma comunitária. No primeiro exemplo se encaixam os quilombos e os índios. No segundo, os assentados.
No fim deste mês, 63 mil pessoas dessas comunidades começarão a receber cestas básicas, inicialmente durante três meses. O governo gastará R$ 1,2 milhão mensal com as cestas.
Ontem, o ministro da Defesa, José Viegas, anunciou a participação das Forças Armadas no Mutirão do Fome Zero -doação de alimentos feita pela sociedade. Quartéis serão usados como postos de coleta. As agências dos Correios também arrecadarão alimentos para o programa.
O Instituto Brasil Voluntário apresentou ontem ao presidente Lula uma cartilha de orientação para voluntários que quiserem participar do Fome Zero. O livreto, com 34 páginas, será distribuído em todo o país a partir de hoje.
Segundo a presidente do instituto, Milú Villela, a cartilha foi preparada porque a maioria das ligações feitas ao "call center" do Fome Zero tratavam de questionamentos sobre como ajudar.

Queda-de-braço
A área social do governo está travando uma queda-de-braço com o Banco do Brasil. A equipe encarregada de combater a fome e fortalecer a agricultura familiar quer a redução do valor dos custos operacionais da linha de crédito que será lançada em maio (batizada de Pronaf Alimentos), no valor de R$ 700 milhões.
Como o governo não tem R$ 700 milhões disponíveis no Orçamento, vai utilizar os recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) que são operados pelo Banco do Brasil. O uso do dinheiro do FAT tem um custo maior do que é pago pelos agricultores beneficiados pelo Pronaf, que arcam com juros de 4% ao ano.
A diferença entre o que os agricultores pagam pelo crédito e o que é cobrado pelo banco para emprestar dinheiro do FAT é paga pelo governo. A equipe social quer que o banco reduza duas taxas: a cobrada a título de risco do empréstimo (8,48% ao ano) e os R$ 8,99 mensais de taxa de administração por cada contrato.


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