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ELIO GASPARI
Presente: telefone sem conta
Um presente para as pessoas que têm computador e
conectam-se à internet por cabos
de banda larga: conta de telefone
é coisa do século passado. Não é
uma grande novidade, é um
grande assunto.
Sem cobrar um tostão, o sítio
skype.com permite ao cidadão
baixar um programa, registrar-se
e falar de graça com qualquer outra pessoa que tenha feito a mesma coisa. Tanto pode ser uma
amiga de Florianópolis como um
fornecedor da Eslovênia. O Skype
roda em sistemas Windows, Mac
ou Linux. O freguês precisa ter
microfone e alto-falantes embutidos ou acoplados a sua máquina.
O programa é obra de um sueco
de 38 anos e de um dinamarquês
de 28. Tem menos de cem funcionários e é o maior do gênero, com
30 milhões de pessoas registradas.
A qualquer hora, passam pelo seu
endereço algo como 1,5 milhão de
conexões.
Se um cidadão baixou o Skype
na sua máquina e outro não tem
Skype, muito menos computador,
os dois podem falar ao telefone
desde que o primeiro chame o segundo. O programa simula um
teclado e com ele liga-se para
qualquer número. Nesse caso, há
um custo: no Brasil, ele fica entre
R$ 0,07 e R$ 0,60 por minuto (para celulares). Dez minutos de
conversa numa linha fixa, seja
para onde for, por menos de R$ 1.
A primeira vítima dessa tecnologia serão as grandes operadoras
de telefonia. A segunda será a
Viúva. Hoje, de cada real cobrado na conta, 45 centavos vão para o governo, nas suas variadas
encarnações.
Quem usar o Skype para falar
com pessoas que não se registraram precisa comprar um crédito
de 10 (R$ 35) numa conta em
Luxemburgo. Isso é feito pela internet, com cartões de crédito tradicionais.
O progresso beneficiará quem
tem (computador, cartão de crédito e banda larga), deixando ao
sol quem não tem. Para ter uma
idéia do efeito social dessa revolucionária e benfazeja novidade,
basta pesar dois números:
O governo brasileiro e as operadoras de telefonia oferecerão 15
horas mensais de ligação discada
na internet por R$ 7,50 a famílias
de baixa renda cadastradas numa iniciativa federal. É o programa PC Conectado.
No andar de cima, onde há cerca de 5,3 milhões de brasileiros
com banda larga em casa, os mesmos R$ 7,50 pagam mais de duas
horas de conversa com Paris.
A guilhotina do PT volta a atacar
O PT da cidade de São Paulo,
dos comissários Marta Suplicy e Aloizio Mercadante, decidiu expulsar o vereador Carlos
Giannazi. Como eles são candidatos ao governo de São Paulo, é bom
que se saiba do que são capazes
suas bases paroquiais.
Giannazi foi expulso por 25 a 7
votos pelo Diretório Municipal.
Ralou um rito sumário que não
passou pela Comissão de Ética. Seu
delito: não ter participado do cambalacho pelo qual o PT elegeu um
tucano dissidente para a presidência da Câmara de São Paulo.
Caso muito mais grave, o do deputado Virgílio Guimarães, que
disputou a presidência da Câmara
contra outro petista, poderá custar
uma pena de suspensão por um
ano.
Ninguém é obrigado a ser petista
e todos aqueles que estão no partido, sobretudo depois do expurgo
de 2003, sabem o que estão fazendo e o que fazem os comissários.
Mesmo assim, eles não precisavam
exagerar.
Giannazi é um caso clássico de
petista teimoso. Já foi posto para
fora uma vez, quando denunciou
que a prefeita Marta Suplicy não
cumpria a obrigação de investir
30% do Orçamento em educação.
Votou contra as taxas de luz e do
lixo. O Diretório Nacional readmitiu-o, mas ele foi deixado a pão e
água numa campanha onde a estrela vermelha naufragou em dinheiro. Teve 41 mil votos, quase todos vindos da militância que se
distanciou da marquetagem de
Marta Suplicy.
O urso é o dono
O comissário José Dirceu
sabe disso há tempo: todos
os donos do Lula acabaram
no desmanche. O primeiro
foi seu próprio irmão Francisco, o Frei Chico, que o levou para as fábricas e para o
sindicalismo. Lula não frita,
esquarteja.
Não se pode dizer que a
permanência de Aldo Rebelo no ministério enfraqueceu José Dirceu. Aldo Rebelo permaneceu para demonstrar que Lula é urso
sem dono. Ou melhor, é um
urso que come seus donos.
O Severino deles
Washington também tem
o seu Severino Cavalcanti. É
o vice-presidente Dick
Chenney. Sua filha Elizabeth
trabalha com Condoleezza
Rice no Departamento de
Estado, e seu genro Phillip
Perry foi nomeado chefe dos
serviços jurídicos do Departamento de Segurança Interna. Antes, era lobista registrado da Lockheed Martin. Os dois são advogados,
saídos de excelentes escolas.
Em defesa de Severino
Cavalcanti, ninguém acusa o
seu gabinete de ser uma
"Gestapo". Era o que o secretário de Estado Colin Powell dizia da equipe de Cheney.
Solano Amorim
O chanceler Celso Amorim conseguiu formar uma
Tríplice Aliança invertida.
Inventando a candidatura
do embaixador Luis Felipe
Seixas Corrêa à presidência
da Organização Mundial do
Comércio, juntou a Argentina e o Paraguai no apoio ao
candidato uruguaio Carlos
Perez de Castillo. Os três
mais o México.
Juntar três contra um na
região do Prata foi coisa que
até hoje só Solano Lopez
conseguiu, com péssimos
resultados para o Paraguai.
Plano B
O governo federal estuda
um Plano B para a intervenção
federal na saúde do Rio. Teme
que, em três meses, vire dono
de um abacaxi.
Mais renda
Bernard Appy, 42, secretário-executivo do Ministério da
Fazenda, informou que, em
2004, a carga tributária caiu de
16,34% para 16,21% do PIB.
A redução se deveu ao aumento do Produto Interno
Bruto, não a um alívio nas tungas.
Pelo contrário, a ekipekonômica festeja recordes de arrecadação com a volúpia de uma
coletoria colonial.
Algum çábio vai propor um
aumento de 10% da renda dos
brasileiros por meio da redução do número de capitas. Pelo
método Appy, eliminando-se
os nativos com mais de 55
anos (noves fora o companheiro Lula), ou os obesos,
consegue-se aumentar a renda
dos sobreviventes de R$ 9.700
para R$ 10.600.
Chuveiro a bordo
Ao comprar um avião com
chuveiro, Lula mostrou que
está à frente de seu tempo. Esse luxo que até agora só era
oferecido a umas poucas centenas de magnatas, tornou-se
mais um serviço da aviação
comercial. A Emirates Airline
oferecerá na sua primeira classe um banheiro privativo, com
chuveiro e espaço para trocar
de roupa.
Ela vende cabines com porta, cama, privacidade e serviço
de restaurante. Todas as suas
escadas funcionam.
Para desencanto da Turma
do Cohiba, a Emirates é uma
empresa aérea do Dubai e não
voa para o Brasil.
Uma passagem de ida e volta no percurso Nova York-Paris está por US$ 14.300, sem
chuveiro. (É o que Lula recebe
da Viúva, a cada ano, como
aposentado da ditadura)
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