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Governo do RS cobra corte de gastos de Legislativo e Judiciário
Yeda quer que outros Poderes diminuam despesas em R$ 176,7 milhões até dezembro; presidentes do TJ e da Assembléia dizem que não atenderão pedido
SIMONE IGLESIAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O governo do Rio Grande do
Sul pediu que os outros Poderes do Estado reduzam seus
gastos a partir deste mês e façam sua reprogramação financeira para evitar novos colapsos, como o atraso dos salários
dos servidores do Executivo.
O corte chega a R$ 176,7 milhões até dezembro e representa 12,41% dos orçamentos.
Os presidentes do Tribunal
de Justiça do Estado e da Assembléia Legislativa reagiram
ao pedido reclamando que não
há como reduzir despesas.
Afirmando ter havido queda
de receita nos três primeiros
meses do ano, a governadora
Yeda Crusius pagou na última
sexta-feira somente parte dos
vencimentos de março. Os funcionários do Executivo que ganham mais de R$ 2.500 receberão a diferença só no dia 10.
Com base na Lei de Responsabilidade Fiscal, o Executivo
enviou há duas semanas documento a Judiciário, Assembléia
Legislativa, Tribunal de Contas
do Estado, Ministério Público e
Defensoria Pública pedindo
readequação orçamentária,
que levaria a corte imediato de
R$ 35,3 milhões e de R$ 176,7
milhões até dezembro.
No documento, o Executivo
estipulou prazo de 30 dias para
os órgãos apontarem os cortes.
O Judiciário, mais afetado
pela decisão de Yeda, precisará
deixar de gastar até dezembro
R$ 99,1 milhões de orçamento
previsto de R$ 1,4 bilhão. O presidente do TJ, desembargador
Marco Antônio Barbosa Leal,
disse que não fará cortes e que
vem economizando recursos
desde que se agravou a crise financeira no Rio Grande do Sul.
"O Judiciário não reduzirá
seu orçamento e, de Poder para
Poder, não se determina nada,
se pede, se solicita", disse.
O presidente da Assembléia
Legislativa, Frederico Antunes
(PP), que terá que fazer corte
de R$ 21,3 milhões, disse que
no ano passado os deputados
economizaram R$ 29 milhões e
que, portanto, a Assembléia já
estaria adequada ao pedido.
"Reduzimos as despesas no
fim de dezembro passado e não
temos mais onde cortar", disse.
O Executivo também terá
que fazer cortes. Do total calculado de redução de custos entre
todos os Poderes (R$ 1,4 bilhão), o governo responde pela
maioria (R$ 1,2 bilhão).
O Ministério Público terá
que reduzir R$ 35,1 milhões, o
Tribunal de Contas, R$ 15,6 milhões, e a Defensoria Pública,
R$ 5,4 milhões até dezembro.
Pela Lei de Responsabilidade
Fiscal, se os Poderes não cumprirem o pedido, poderão ter os
repasses bloqueados. Esse artigo da lei, porém, vem sendo
contestado juridicamente, porque esbarraria no princípio
constitucional de autonomia e
harmonia entre os Poderes.
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