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Construtora diz ter doado R$ 24 mi em 2008
Valor se refere, segundo a Camargo Corrêa, a repasses para partidos e candidatos; doações às siglas só serão conhecidas em maio
Segundo a PF, parte política resultante da operação irá se transformar em uma nova investigação, com alvo em supostas doações ilegais
ANA FLOR
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo Camargo Corrêa,
que foi alvo de operação da Polícia Federal, diz ter doado
R$ 23,9 milhões a partidos e
políticos no ano passado. Até o
momento, só é possível conhecer os repasses feitos para candidatos e comitês financeiros.
Apenas em maio será divulgado
quanto os partidos receberam.
Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), considerando
só doações para campanhas, foram R$ 6,01 milhões para candidatos e comitês pela Construção e Comércio Camargo
Corrêa e R$ 425 mil pela Cavo
Serviços e Meio Ambiente.
Ontem, a assessoria de imprensa não forneceu a lista das
empresas da Camargo Corrêa
que fizeram doações. O grupo
tem participação, por exemplo,
na Itausa e na Alcoa Inc., e controla a Alpargatas (que doou R$
150 mil), além de fazer parte do
bloco de controle da Usiminas
(que doou R$ 1,65 milhão).
A diferença entre o valor divulgado pelo grupo o disponível
como doação eleitoral pode ser
explicada pela existência de
doações ocultas. O grupo, assim
como outras empresas, costuma se utilizar dessa brecha na
Lei Eleitoral. A doação é feita
aos partidos, que distribuem os
recursos aos candidatos. Assim, perde-se o vínculo direto
entre doador e beneficiário.
Em 2006, foram R$ 6,35 milhões a PT, PSDB e DEM.
As prestações de conta das
doações partidárias têm prazo
para serem entregues até o dia
30 de abril e só a partir daí será
possível saber quanto foi doado
às siglas no ano passado.
"Em absoluta concordância
com a legislação eleitoral, suas
empresas controladas doaram
R$ 23,9 milhões a partidos políticos e candidatos que concorreram nas eleições de 2008",
diz a nota da empresa.
Nova operação
A parte política resultante da
Operação Castelo de Areia vai
se transformar em nova investigação, para aprofundar a possibilidade de partidos e políticos terem recebido doações ilegais da Camargo Corrêa.
A PF insiste que a operação
apenas investigou crimes financeiros e de lavagem de dinheiro. Internamente, agentes
envolvidos reclamam do viés
político que a operação tomou,
a partir do conteúdo de interceptações telefônicas, e que teriam ganhado realce no relatório do juiz Fausto De Sanctis.
Tanto a PF quanto De Sanctis foram criticados pela oposição pela divulgação de nomes
de políticos e partidos que supostamente receberam doações ilegais da construtora e
pela exclusão, no relatório final, das siglas governistas PT,
PTB e PV, também citadas em
grampos feitos na operação.
A explicação formal da PF
para a inclusão de áudios em
que partidos são citados é a de
que os investigadores eram
obrigados a comunicar à Justiça, em relatórios quinzenais, o
andamento das investigações.
Desde antes da deflagração
da operação, o receio de avançar nas ligações entre a Camargo Corrêa e políticos ou partidos era o de que o caso acabasse
em instâncias superiores, por
envolver parlamentares, que
gozam de foro privilegiado.
Folha Online
Veja quem recebeu doação
da Camargo Corrêa em 2008
www.folha.com.br/090927
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