São Paulo, sexta, 3 de abril de 1998

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REFORMA MINISTERIAL
Ex-aliado de Collor assume cargo na cota do PMDB
FHC cria pasta para o PFL; Calheiros vai para Justiça

MARTA SALOMON
LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília


A nove meses de completar seu mandato, o presidente Fernando Henrique Cardoso criou ontem um novo ministério extraordinário -o da Reforma Institucional- para compensar o PFL na reforma ministerial. O maior partido de sustentação do governo reclamava da indicação do senador tucano José Serra como ministro forte para a Saúde.
Além de criar a nova pasta, FHC confirmou oficialmente os nomes de três novos ministros, todos eles senadores. O peemedebista Renan Calheiros (AL) vai para a Justiça, Waldeck Ornélas (PFL-BA) vai para a Previdência Social e Freitas Neto (PFL-PI) será o novo ministro da Reforma Institucional. Eles tomarão posse na segunda-feira.
Renan Calheiros foi um dos principais aliados do ex-presidente Fernando Collor de Mello (leia texto ao lado).
Hoje, o presidente deve selar a transferência do petebista Arlindo Porto para o Ministério do Trabalho. Sua vaga na Agricultura será preenchida por Francisco Turra, do PPB, ex-presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Com isso, estará concluída a reforma ministerial e definida a equipe que governará até dezembro.
O ministro Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, acertou sua saída para o próximo dia 15. O Ministério Extraordinário dos Esportes será extinto e suas funções voltarão ao Ministério da Educação.
FHC se comprometeu com dirigentes pefelistas a reabrir a negociação para o rateio do poder na Esplanada logo depois das eleições. A cota de cada partido dependerá das urnas.
O novo ministro da Reforma Institucional terá muito pouco além de um gabinete próximo ao de FHC. Ele herdará a sala do ex-ministro Luiz Carlos Santos, mas não terá mais a função de articulador político do governo.
Teoricamente, o piauiense Freitas Neto se encarregará de "promover o fortalecimento da Federação nas áreas fiscal e tributária".
A pouco tempo do início da campanha eleitoral, que tradicionalmente esvazia o Congresso, o ministro também recebeu a tarefa de coordenar as reformas eleitoral e partidária, além de "facilitar" o acesso do cidadão à Justiça.
Padrinho da indicação, o líder do PFL no Senado, Hugo Napoleão (PI), comemorava. "Será um ministério forte", disse.
O arranjo que deu ao PFL mais um ministério acabou irritando uma ala do partido. Se dependesse do líder na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), o PFL deveria recusar a nova pasta. A amigos, ele classificou de "ridículo" o novo ministério.
Segundo Hugo Napoleão, FHC chegou a oferecer o Ministério do Trabalho ao partido. A oferta, recusada, acabou estimulando o PTB a aceitar a transferência de Arlindo Porto para a vaga.



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