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LEI ELEITORAL
Para presidente do órgão, existe o risco de ocorrer "crime perfeito'
TSE diz que não consegue punir "abuso generalizado'
SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília
A seis meses
das eleições, o
presidente do
TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), ministro Ilmar Galvão, declarou ontem
que "a violação à Lei Eleitoral é flagrante em todo o país". Segundo o
ministro, há "incapacidade", por
parte da Justiça Eleitoral, para
conter o desrespeito à lei.
Galvão advertiu que não há como impedir que dinheiro ilícito,
como o obtido junto ao narcotráfico, financie campanhas.
Para o ministro, existe o risco de
que ocorra o chamado "crime perfeito" no processo eleitoral.
"Espero que ninguém confie
nessa possibilidade e que não se
arrisque, porque poderá ser punido", afirmou.
Bicicletas
O presidente do TSE disse que
governadores que pretendem concorrer à reeleição estão distribuindo a eleitores bens como bicicletas
e sacolões.
Sem especificar quem são os
promotores das irregularidades,
Galvão afirmou que esse comportamento é "absurdo".
Ele deu essas declarações durante a abertura de um encontro dos
presidentes dos Tribunais Regionais Eleitorais, ontem de manhã,
em Brasília.
Galvão repassou parte da responsabilidade sobre o controle
dos abusos aos TREs, pedindo que
"sejam rigorosos". Ao mesmo
tempo, destacou que a Justiça
Eleitoral não tem estrutura para
esse trabalho de fiscalização.
O ministro disse que os tribunais
poderão agir de ofício (sem ser
provocados) e deverão buscar o
cumprimento da lei, "ainda que
seja no campo da advertência".
A Lei Eleitoral só autoriza a propaganda e campanha eleitorais
após 5 de julho. Antes disso, não
pode haver promoção pessoal em
propaganda partidária.
O ministro disse ter informações
sobre "violação aberta, escancarada" a essa proibição, sem se referir
diretamente à propaganda partidária do PPB.
A pedido do PT, o TSE já abriu
um processo para investigar se o
pré-candidato ao governo paulista
Paulo Maluf está utilizando o espaço da propaganda do PPB na televisão para fazer promoção pessoal e ataques a concorrentes, como o governador Mário Covas
(PSDB). O PPB nega.
O presidente do TRE de São Paulo, desembargador Nelson Schiesari, disse que a propaganda do
PPB é "mau exemplo", porque
precipita o processo eleitoral.
Ele afirmou que, por enquanto,
o tribunal vai agir com cautela.
"Se continuar ou aumentar, a
nossa intervenção será inevitável", declarou.
Galvão reafirmou que o controle
sobre abusos na campanha do
presidente Fernando Henrique
Cardoso e dos governadores que
concorrerem à reeleição dependerá, principalmente, dos partidos e
adversários.
Sobre a arrecadação e aplicação
de recursos nas campanhas, disse
que não há mecanismos eficazes
de controle.
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