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IGREJA CATÓLICA
Segundo CNBB e IBGE, média nessas regiões é a menor do país
Falta padre no Norte e Nordeste do país
GUILHERME BAHIA
ENVIADO ESPECIAL A INDAIATUBA (SP)
As regiões Norte e Nordeste têm
baixo número de padres em relação à média do Brasil. Com 28,1%
da população do país, o Nordeste
tem só 16,6% do total de padres. O
Norte, com 7,6% da população,
concentra 3,5% dos padres.
Os dados são do Ceris (Centro
de Estatística Religiosa e Investigações Sociais) e do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O centro é
vinculado à CNBB (Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil).
Para Luiz Alberto Gomez de
Souza, diretor-executivo do centro, esse dado é uma das faces da
carência geral de profissionais
qualificados nessas regiões.
D. Antônio Fernando Saburido,
bispo-auxiliar de Recife e Olinda
(PE), acredita que o quadro na
sua região tende a se amenizar
nos próximos dez anos, porque
há muitos novos seminaristas.
No Norte, o arcebispo de Porto
Velho (RO), d. Moacyr Grechi,
aponta como causa a formação
recente da igreja na região. "Até
20 anos atrás, só havia um seminário, em Manaus, para Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia."
Uma análise do número de prelazias -dioceses com poucos recursos- do país mostra que o desenvolvimento da igreja na Amazônia está bem atrás do restante
do país. Das 13 prelazias, 11 ficam
no Norte, e as outras duas, no
norte de Mato Grosso.
Segundo d. Moacyr, foi a partir
de encontro ocorrido em Santarém (PA) em 1972 que a igreja começou a ganhar um rosto brasileiro na Amazônia. Antes, conta
ele, 86% do clero era composto
por estrangeiros, enviados da Holanda, Itália, Espanha e França.
Por causa do isolamento de
grande parte das comunidades
amazônicas, conta o arcebispo, o
hábito da desobriga foi bastante
comum até cerca de 20 anos atrás.
A desobriga é uma visita anual
que o padre faz para permitir que
os fiéis cumpram a obrigação de
comungar uma vez por ano.
O baixo número de católicos
também é apontado como causa
da fraca presença da igreja na
Amazônia. D. Erwin Kräutler, bispo de Xingu (PA) e de família austríaca, diz que, pelo modo como
as migrações se dirigiram ao Norte, muitos habitantes novos deixaram suas raízes para trás.
"A Igreja não soube acompanhar as migrações", disse d. Dimas Lara Barbosa, bispo-auxiliar
do Rio de Janeiro, durante entrevista coletiva na 42ª Assembléia
Geral da CNBB, que terminou na
última sexta-feira.
Uma história diferente se deu
com alemães, italianos e poloneses que foram para o Sul. Esses,
lembra d. Erwin, trouxeram padres, no caso dos católicos, ou
pastores, no caso dos luteranos.
A igreja tenta amenizar a carência da Amazônia com a transferência de padres do Sul.
Envelhecimento
A cúpula da Igreja Católica no
Brasil envelheceu mais de nove
anos de 1960 a 2003. A média de
idade dos bispos passou de 53,8
para 63 anos. Os dados são do
pesquisador Juan Esquivel, da
PUC-SP. A média de idade dos
padres também subiu, mas só 3,7
anos -passou de 46 em 1960 para
49,7 em 2000, segundo o Ceris.
A razão apontada por Esquivel
para os bispos hoje serem mais
velhos é a política que o Vaticano
vem adotando durante a gestão
do papa João Paulo 2º de privilegiar clérigos mais experimentados nas promoções.
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