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Previdenciária deve sofrer alteração
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Em meio a focos de rebelião na
base aliada, o governo tenta a partir de hoje aprovar sua proposta
de reforma da Previdência na CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, primeiro passo
do projeto no trâmite legislativo.
O parecer do relator Maurício
Rands (PT-PE) -apresentado na
semana passada- deve ser votado entre hoje e quinta e vai encontrar forte resistência, entre outros,
no ponto em que defende como
constitucional a cobrança de contribuição dos servidores inativos.
Além disso, o relator deve propor uma alteração de última hora,
equiparando o Ministério Público
ao Judiciário no cálculo do subteto salarial do funcionalismo nos
Estados -ou seja, limitado ao salário dos desembargadores, não
podendo ultrapassar 75% do teto
federal (R$ 17.170).
Paralelamente às definições finais do parecer, foi grande a movimentação ontem dos principais
líderes da base aliada em articulações e busca de apoio de última
hora, o que mostra que o fato de
os governistas possuírem 36 integrantes na comissão contra 18 da
oposição não é uma garantia de
tranquilidade para o governo.
Isso se dá pela união, entre outros, dos seguintes fatores: o PDT,
com dois integrantes na CCJ, fechou questão para votar contra
todos os pontos do parecer. "Vou
votar contra a proposta, pois o
objetivo político [da proposta] é a
fragilização do serviço público",
disse Alceu Collares (PDT-RS).
Além disso, parte do PMDB,
com oito integrantes, ameaça votar, entre outras coisas, contra a
tributação de inativos e a proposta dos três subtetos salariais para
o funcionalismo nos Estados.
"Não é por ser base que eu preciso
apoiar o governo", afirmou Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS).
Por fim, o PC do B se reuniu ontem para decidir que atitude tomar, já que o integrante do partido na CCJ, Sérgio Miranda (MG),
tem resistência a votar a favor da
cobrança dos inativos. Até o início da noite, não havia definição.
A votação do parecer na CCJ vai
ocorrer da seguinte forma: o texto
básico do parecer deve ser aprovado com facilidade -já que PFL
e PSDB querem marcar a posição
de que mantêm o discurso coerente de apoio às reformas-,
mas serão feitas os chamados destaques para votação em separado,
que conterão os pontos polêmicos, como a tributação. É nessa
hora que os descontentes tentarão
alterar pontos da reforma. Há
ameaça de manifestação de servidores durante a votação.
A situação delicada para o Planalto pode ser ilustrada também
pelo fato de a liderança do governo na Casa ter patrocinado o acerto para a substituição de 7 dos 36
integrantes da base na comissão.
A última mudança ocorreu na
representação do PPS. O deputado Dimas Ramalho (SP) procurou a liderança do partido pedindo para ser substituído.
Caso ocorra o pior cenário para
o governo, ou seja, PDT, PMDB e
PC do B fecharem questão contra
o Planalto nos pontos polêmicos e
nenhum integrante da oposição
ou dos partidos independentes
compensar a rebelião, o governo
poderia ver pontos da reforma serem derrubados na primeira etapa do trâmite por sete votos de diferença -32 a 25. Apesar de esse
cenário ser de difícil concretização, o certo é que as lideranças
continuariam ainda hoje o trabalho de arregimentação.
O deputado Aldo Rebelo (PC do
B-SP), líder do governo na Casa,
esteve ontem em São Paulo tentando fechar o acordo que garantiria o voto do partido na CCJ. Hoje, se reúne com os líderes da base.
Já o PT reuniria a sua coordenação na Câmara ontem e hoje.
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