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PROPINODUTO
Entre os detidos, estão os dois procuradores do jogador Ronaldo
Mais cinco são presos no RJ por suspeita de corrupção
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
Foram presas ontem no Rio de
Janeiro mais cinco pessoas acusadas de envolvimento com o suposto esquema de corrupção que
envolve fiscais e auditores. Entre
os detidos, estão os empresários
de futebol Reinaldo Pitta e Alexandre Martins, suspeitos de
atuar como doleiros do grupo.
Também foram presos os empresários Herry Rosemberg e Ronaldo Adler, donos da Coplac, sucursal carioca do banco suíço
DBTC (Discount Bank and Trust
Company, hoje Union Bancaire
Privée), além de Marlene Rozen,
funcionária da Coplac. As contas
dos fiscais e auditores no DBTC
teriam sido abertas por intermédio da Coplac.
Procuradores de vários jogadores de futebol, entre eles o atacante Ronaldo, Pitta e Martins negaram ter enviado para a Suíça o dinheiro dos fiscais e auditores. O
grupo teria remetido ilegalmente
pelo menos US$ 33,4 milhões.
Os empresários confessaram
que usavam contas bancárias
abertas em nome de cinco funcionários de suas empresas para fazer pagamento de jogadores de
futebol. Os funcionários disseram
à Justiça que não tinham nem
mesmo a senha das contas.
Pitta e Martins estão sendo processados pelos crimes de lavagem
de dinheiro, sonegação fiscal e
fraude na contabilidade.
Rosemberg afirmou que abriu
mais de 40 contas no DBTC para
seus clientes, cujos nomes não revelou. Nem ele nem o sócio Ronaldo Adler nem a funcionária
Marlene Rozen quiseram falar sobre as contas em nomes dos fiscais acusados de corrupção.
A prisão preventiva foi pedida
pelo Ministério Público Federal e
decretada pelo juiz da 3ª Vara Criminal Federal, Lafredo Lisboa
Vieira Lopes. O juiz justificou a
prisão como forma de garantia da
ordem pública, da conveniência
da instrução criminal e da aplicação da lei penal, além do perigo de
que os acusados fugissem.
"Com os recursos que têm, podem, sem maiores prejuízos, deixar o Brasil, como outros de conhecimento público já fizeram,
ou esconder-se no interior deste
país", afirmou o juiz.
Pitta e Martins, que não têm
curso superior, seriam levados
para o presídio Ary Franco (zona
norte). Rosemberg, Adler e Rozen
iriam para o Ponto Zero, carceragem da Polícia Civil para presos
com nível superior.
O advogado dos empresários
Pitta e Martins, Alexandre Dumans, disse que a prisão não foi
justa. "É um linchamento", afirmou ele. O advogado de Rosemberg, Adler e Rozen, Arthur Lavigne, disse que a prisão foi "uma
represália, porque eles usaram o
direito garantido em lei de ficar
em silêncio e não denunciar os
outros".
Os cinco presos saíram escoltados por policiais federais e foram
levados para o Instituto Médico
Legal para a realização de exames
de corpo de delito. Depois seguiriam para as carceragens.
Vinte e quatro pessoas estão
sendo processadas sob acusação
de envolvimento com o chamado
"propinoduto", suposto esquema
de corrupção de fiscais e auditores do Rio de Janeiro.
Oito fiscais e auditores estão
presos desde 15 de abril. Com as
prisões de ontem, chega a 13 o número de pessoas já presas, entre
elas o fiscal Rodrigo Silveirinha
Corrêa, subsecretário de Administração Tributária na gestão de
Anthony Garotinho (PSB, 1999 a
abril de 2002).
Mais cinco fiscais e auditores
suspeitos de envolvimento deverão ser interrogados hoje.
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