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São Paulo, terça-feira, 03 de junho de 2003

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NO AR

Mais simples e mais humano

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Para um brasileiro, a polêmica em torno da decisão de ontem nos EUA, liberando a propriedade de canais de TV aberta, canais de TV paga, serviço de TV paga, rádios e jornais por uma única corporação na mesma cidade, não faz o menor sentido.
Afinal, é assim em Rio, São Paulo e outras, com as Organizações Globo.
Faz menos sentido ainda a outra decisão, liberando que a mesma rede de TV detenha 45% da audiência.
Afinal, é assim há décadas, no Brasil todo.
Mas a decisão vai mudar a forma como os americanos recebem informação. As cinco maiores corporações devem se ocupar agora em comprar as empresas menores e, talvez, umas às outras.
O presidente do órgão que decidiu pela liberação, Michael Powell, filho do secretário de Estado e eventual candidato a presidente Colin Powell, deu a seguinte desculpa:
- Nossas ações farão avançar a diversidade.
Chega a soar como ironia. Diversidade de informação é o oposto do que resultou quando a mesma liberalização de propriedade se deu no âmbito do rádio, nos EUA.
Três grandes redes hoje monopolizam o rádio no país, com poder para vetar, por exemplo, a execução de quem adota discurso antiguerra do Iraque -caso das Dixie Chicks.
A liberalização de propriedade no rádio, registre-se, iniciou a onda neoconservadora nos EUA, com locutores agressivos como Rush Limbaugh, depois mimetizados em canais como a Fox News.
Foi a onda que levou George W. Bush ao poder.
Mas é claro que um brasileiro poderá dizer que tudo começou aqui. E que os americanos não fazem mais que copiar.
 
No encontro do G8, "duas coisas chamaram a atenção", segundo a cobertura da Globo. A primeira foi Bush e o presidente francês, Jacques Chirac, surgirem lado a lado.
- A outra atração foi mesmo a brasileira. Lula está virando a locomotiva de uma outra maneira de se comportar no cenário internacional.
E o comentário de Míriam Leitão, em seguida:
- Parte do prestígio que o presidente Lula está conquistando é dele mesmo. Ele chega com uma trajetória pessoal totalmente diferente dos outros líderes e um recado forte: vamos fazer o caminho mais simples e mais humano.
Esse é o resultado da propriedade irrestrita de TV aberta, TV paga, rádio etc.


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