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Denúncia liga sanguessugas a parlamentares
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL EM BRASÍLIA
Na ação do Ministério Público Federal contra a máfia dos
sanguessugas, foram denunciados assessores, ex-assessores e
até um suplente (que exerceu o
cargo em 2003 e 2004) de 21
deputados e de um senador,
Ney Suassuna (PMDB-RN).
A denúncia, apresentada anteontem à Justiça Federal em
Cuiabá (MT), inclui também
nove ex-deputados e o ex-senador Carlos Bezerra (PMDB-MT), presidente estadual do
partido e que dirigiu o INSS em
2004, no governo Lula.
No total foram denunciadas
81 pessoas por corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro,
crime contra a lei de licitações e
formação de quadrilha. Os detalhes da ação estão sob segredo de Justiça. A lista traz nomes de oito assessores que ainda trabalham na Câmara, segundo registros da Casa.
Zenon de Oliveira Moura é
funcionário da deputada Sandra Rosado (PSB-RN). A parlamentar anunciou ontem a demissão do assessor. Marido dela, o ex-deputado Laire Rosado
Filho e um ex-funcionário também foram denunciados.
Outro acusado, Newton Augusto Sabaraense, está no gabinete de Teté Bezerra (PMDB-MT), mulher de Bezerra.
Responsável pela denúncia, o
procurador da República em
Cuiabá Mário Lúcio Avelar disse que Sabaraense recebia propina da Planam, empresa que
vendia ambulâncias superfaturadas a prefeituras. Ele diz que
o ex-senador Bezerra também
aparece lista de pagamentos.
O esquema
Segundo o procurador, havia
pagamento de propina para
elaboração de emendas ao Orçamento destinadas à compra
da ambulâncias.
A Procuradoria-geral da República pediu ao Supremo Tribunal Federal abertura de inquérito contra 15 deputados,
mas não divulgou o nome deles.
Na Operação Sanguessuga,
realizada no dia 4 de maio, a Polícia Federal prendeu 54 pessoas, entre empresários, lobistas, 12 assessores de deputados
e dois do senador Suassuna, demitidos logo após as prisões. O
senador nega envolvimento.
Os deputados que tiveram
assessores presos são: Nilton
Capixaba (PTB-RO), Benedito
Dias (PP-AP), Reginaldo Germano (PP-BA), Elaine Costa
(PTB-RJ), Edna Macedo (PTB-SP), João Mendes (PSB-RJ),
Maurício Rabelo (PFL-TO),
Laura Carneiro (PFL-RJ), Vieira Reis (PRB-RJ) e Pedro Ribeiro (PMDB-CE). Capixaba
teve quatro ex-assessores denunciados, segundo a PF.
Em sua denúncia, a Procuradoria incluiu o suplente do deputado Múcio Gurgel Sá (PSB-RN). Ele substituiu seu colega
de partido Iberê Ferreira (RN)
em 2003 e 2004, conforme informa a Câmara. A secretária
de Ferreira informou que ele
estava incomunicável no interior Rio Grande do Norte.
Os demais deputados com
assessores ou ex-funcionários
envolvidos são Lino Rossi (PP-MT), Airton Roveda (PPS-PR),
João Caldas (PL-AL), Jorge Pinheiro (PL-DF), João Batista
(PP-SP), Vanderlei Assis (PP-SP), Helenildo Ribeiro (PSDB-AL) e Eduardo Gomes (PSDB-TO). Não há acusação contra
esses deputados.
Outro lado
Carlos Bezerra e sua mulher,
Teté Bezerra, disseram por
meio do advogado Elarmin Miranda que não possuem qualquer ligação com o suposto esquema de fraude.
"O advogado Eduardo Mahon, que defende Maria da Penha Lino [ex-assessora do Ministério da Saúde], disse que ela
não apontou o nome da deputada e ou do senador. Ela listou
mais de 250 parlamentares supostamente envolvidos", disse
Miranda, referindo-se ao depoimento de Penha à PF.
Bezerra afirma ainda que o
Congresso, por meio da Comissão Mista de Orçamento, aponta que ele não apresentou nenhuma emenda durante seu
mandato (1995-2002) para
compra de ambulâncias.
Funcionário de Teté, Newton Augusto Sabaraense disse
que recebe documentação de
prefeituras para liberação de
verba nos ministérios, mas diz
que não trabalhou com verbas
para compra de ambulâncias.
A assessoria de Sandra Rosado informou que a parlamentar
"nada teme" e quer a apuração
da denúncia. A parlamentar vai
demitir o funcionário acusado.
Armando Holanda, advogado
de Laire Rosado e do suplente
de Múcio Gurgel de Sá, disse ter
documentação para contestar
as acusações.
Procurado desde o início de
maio pela Folha, Nilton Capixaba não se pronunciou até hoje sobre as acusações.
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