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comentário
Senhor Minc, o senhor é um fanfarrão
CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA
O novo dado de desmatamento comprova: Marina Silva abandonou o barco do Meio Ambiente no
momento certo. A cifra final, a sair em agosto (o
mês do desgosto, como dizem), será um arraso sobre a floresta. E essa conta
será de Lula e de seus "heróis" do agronegócio, encarnados na figura de Blairo Borges Maggi.
Afigura-se a realidade
arrepiante de um desmatamento na casa dos
20.000 km2 de agosto de
2007 a julho de 2008. Para
dar uma idéia do que isso
significa, em 150 anos, de
1700 a 1850, toda a produção de açúcar na mata
atlântica ceifou 7.500 km2.
Em resposta ao desastre
imposto pela alta nas
commodities, Carlos
Minc, o "performer" que
substitui Marina no ministério, anuncia que vai
mandar prender... os bois!
Isso mesmo: os bois, cujo
único crime é pastar em
áreas embargadas cuja floresta algum humano derrubou -com crédito oficial e estímulo político.
Ora, não seria mais efetivo prender os donos das
terras onde pastam os
bois? Certamente. Mas isso o governo não faz, por
duas razões. Primeiro, para não criar caso com aliados em ano de eleição.
Depois, porque nem
Minc nem ninguém sabe
quem é dono da terra na
Amazônia. A única medida que poderia ser definitiva contra o desmate, o
ordenamento fundiário,
foi um fiasco. Só 20% dos
proprietários aderiram ao
cadastro de terras imposto pelo governo. E, com o
orçamento pífio dedicado
a esse reordenamento pelo Plano Amazônia Sustentável, nada vai mudar.
Vai ser engraçado ver o
ministro, entre uma coletiva e outra, correndo
atrás de boizinhos e vaquinhas no pasto. São 80 milhões de cabeças na Amazônia, senhor ministro.
Haja colete para suar.
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