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Brizola declara "guerra" a Garotinho
LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do PDT, Leonel
Brizola, declarou "guerra aberta"
contra o governador do Rio, Anthony Garotinho. O governador,
em revide, apelou ontem à Internacional Socialista para evitar sua
expulsão do partido -que pode
ser decidida até o final do mês.
A Internacional Socialista reúne
143 partidos políticos e organizações com perfil social-democrata
de todos os continentes -o PDT
é único partido-membro do Brasil. Seu símbolo -uma mão segurando uma rosa- é usado na
propaganda oficial do partido.
Em carta encaminhada à entidade, Garotinho solicita o "envio
de uma comissão para o acompanhamento de processo de grave
ameaça à democracia interna do
PDT (o pedido de expulsão)".
"Ameaças e coerções a dirigentes
locais e regionais, além do desrespeito ao direito de opinião e à livre
expressão são a tônica adotada
pelo presidente e pela direção
partidária, com repercussão extremamente negativa nos meios
de comunicação", diz o texto.
A possibilidade de reconciliação
entre Brizola e Garotinho é praticamente inexistente. "Não tem
volta. Acabou o jogo de bastidores. A guerra é às claras", afirmou
Carlos Lupi, presidente regional
do PDT e braço direito de Brizola.
Depois de passar a semana
comparando Garotinho a um inimigo dentro da trincheira, Brizola
afirmou ontem que é hora de
"limpar as nossas trincheiras de
traidores para poder travar o
combate".
Com a passagem para guerra
aberta, ontem, cada "general"
agrupou seu exército. Brizola reuniu cerca de 180 militantes e dirigentes no diretório regional -entre eles 55 presidentes de zonais e
lideranças como o deputado federal Miro Teixeira.
No mesmo horário, Garotinho
recebeu o apoio de 250 pessoas
nos jardins do Palácio Laranjeiras, sede do Executivo estadual
-entre eles, 14 dos 17 deputados
estaduais do PDT.
Hoje a batalha está marcada para dois campos. Na sede nacional
do PDT, haverá uma reunião da
Executiva Regional e outra do
Conselho Político -da qual Brizola e Garotinho fazem parte. Na
primeira, o pedido de expulsão do
governador será encaminhado à
Comissão de Ética.
Outro confronto deve ocorrer
no Tribunal Regional Eleitoral.
Lupi anunciou que o partido vai
entrar com uma representação
contra o governador no TRE, por
uso de bens públicos na convocação partidária. "Só quem pode
convocar os órgãos do partido são
as suas direções", afirmou Brizola. "Ele está usurpando as funções
do partido."
O recurso à Internacional Socialista foi anunciado por Garotinho
ontem após a reunião do governador com deputados, dirigentes
e militantes do PDT. A decisão foi
ironizada por Lupi. "Ele não sabe
nem falar português."
"Isso não vai dar em nada. Seria
a primeira vez na história que a
Internacional interferiria na vida
de um partido associado", vaticinou Brizola.
Garotinho reconhece que as
instâncias de decisão partidárias
são ligadas a Brizola. Mesmo dirigentes ligados ao candidato à Prefeitura do Rio admitem que a Comissão de Ética não tem isenção
para julgar a expulsão de Garotinho.
Além do apelo à Internacional,
os 14 deputados estaduais do PDT
que se reuniram com Garotinho
procuraram Brizola ontem à noite
solicitando o imediato arquivamento do processo de expulsão
do governador.
Ontem, apesar de considerar
absurda a representação no Tribunal Regional Eleitoral por uso
da máquina administrativa, Garotinho evitou o ataque.
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