São Paulo, sábado, 03 de julho de 2004

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Lula "constrange" o PPS, diz Freire

MURILO FIUZA DE MELO
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (PE), acusou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de "constranger" seu partido e de "ferir a instituição da Presidência da República" ao silenciar sobre suposta articulação, coordenada por cardeais petistas, para transferir deputados do PPS para o PTB, aliado do Palácio do Planalto.
"O presidente está desrespeitando a instituição da Presidência da República. Vemos informações na imprensa de que o Planalto está cooptando deputados do PPS para o PTB e ninguém do PT, nem o presidente Lula, fala nada. O PPS está se sentindo desrespeitado e agredido. O governo não precisa disso", disse Freire.
Em troca do apoio do PTB à reeleição da prefeita Marta Suplicy (PT), em São Paulo, e à candidatura do deputado Jorge Bittar (PT), no Rio, o Planalto teria prometido ao presidente da legenda, Roberto Jefferson (RJ), engordar a bancada petebista no Congresso, além de entregar ao PTB a vaga de vice-presidente na chapa do PT, em 2006. O nome indicado seria o do ministro Ciro Gomes (Integração Nacional), hoje no PPS, mas que se filiaria ao PTB.
Na contabilidade, 20 deputados do PPS e do PMDB e três senadores estariam indo para o PTB. Dez deputados, segundo Freire, seriam do PPS. "Eu exijo, no mínimo, uma explicação pública do presidente da República", disse.

Apoio a Serra
Anteontem, o PPS oficializou seu apoio à candidatura do tucano José Serra em São Paulo. Ontem, o deputado federal João Herrmann Neto (PPS-SP) divulgou nota afirmando que pedirá a impugnação da decisão, como havia antecipado a Folha.
Segundo ele, a Executiva não tem poder de anular uma decisão da convenção do partido e do diretório municipal, que optaram por candidatura própria. Herrmann foi derrotado pelo deputado Arnaldo Jardim, aliado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), na convenção. Jardim renunciou para apoiar Serra.
"[...] Foi rasgado também o estatuto partidário, uma vez que a autonomia dos filiados do PPS em São Paulo foi desrespeitada pela interferência do presidente nacional, Roberto Freire. Valeu mais a vontade imperial do que a decisão da maioria, repetindo a intervenção de 2000, que afastou a candidatura de Roberto Mangabeira Unger", diz Herrmann.
Freire não quis responder à nota, mas afirmou que Herrmann será submetido à comissão de ética do PPS. "Temos denúncias de que ele teria cooptado delegados do partido para votarem contra o Arnaldo Jardim, a pedido do PT. Isso será investigado", disse.


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