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Lula "constrange" o PPS, diz Freire
MURILO FIUZA DE MELO
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente nacional do PPS,
deputado Roberto Freire (PE),
acusou ontem o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva de "constranger" seu partido e de "ferir a instituição da Presidência da República" ao silenciar sobre suposta articulação, coordenada por cardeais
petistas, para transferir deputados do PPS para o PTB, aliado do
Palácio do Planalto.
"O presidente está desrespeitando a instituição da Presidência
da República. Vemos informações na imprensa de que o Planalto está cooptando deputados do
PPS para o PTB e ninguém do PT,
nem o presidente Lula, fala nada.
O PPS está se sentindo desrespeitado e agredido. O governo não
precisa disso", disse Freire.
Em troca do apoio do PTB à reeleição da prefeita Marta Suplicy
(PT), em São Paulo, e à candidatura do deputado Jorge Bittar
(PT), no Rio, o Planalto teria prometido ao presidente da legenda,
Roberto Jefferson (RJ), engordar
a bancada petebista no Congresso, além de entregar ao PTB a vaga de vice-presidente na chapa do
PT, em 2006. O nome indicado seria o do ministro Ciro Gomes (Integração Nacional), hoje no PPS,
mas que se filiaria ao PTB.
Na contabilidade, 20 deputados
do PPS e do PMDB e três senadores estariam indo para o PTB. Dez
deputados, segundo Freire, seriam do PPS. "Eu exijo, no mínimo, uma explicação pública do
presidente da República", disse.
Apoio a Serra
Anteontem, o PPS oficializou
seu apoio à candidatura do tucano José Serra em São Paulo. Ontem, o deputado federal João
Herrmann Neto (PPS-SP) divulgou nota afirmando que pedirá a
impugnação da decisão, como
havia antecipado a Folha.
Segundo ele, a Executiva não
tem poder de anular uma decisão
da convenção do partido e do diretório municipal, que optaram
por candidatura própria. Herrmann foi derrotado pelo deputado Arnaldo Jardim, aliado do governador Geraldo Alckmin
(PSDB), na convenção. Jardim renunciou para apoiar Serra.
"[...] Foi rasgado também o estatuto partidário, uma vez que a
autonomia dos filiados do PPS
em São Paulo foi desrespeitada
pela interferência do presidente
nacional, Roberto Freire. Valeu
mais a vontade imperial do que a
decisão da maioria, repetindo a
intervenção de 2000, que afastou a
candidatura de Roberto Mangabeira Unger", diz Herrmann.
Freire não quis responder à nota, mas afirmou que Herrmann
será submetido à comissão de ética do PPS. "Temos denúncias de
que ele teria cooptado delegados
do partido para votarem contra o
Arnaldo Jardim, a pedido do PT.
Isso será investigado", disse.
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