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ELEIÇÕES 2004/ALIANÇAS
Declarações de Marta contrariaram Quércia, que acabou se aliando a Luiza Erundina na disputa pela Prefeitura de São Paulo
PT buscou apoio do PMDB até a última hora
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A decisão do PMDB de apoiar a
candidatura de Luiza Erundina
(PSB) a prefeita de São Paulo aumenta mais a distância entre o PT
e os peemedebistas. Representou
também um duro golpe contra a
campanha à reeleição da prefeita
Marta Suplicy (PT).
Nesta semana, depois de meses
de negociação infrutífera, o
PMDB desistiu de esperar uma
aliança paulistana com o PT.
O presidente estadual do
PMDB, Orestes Quércia, chegou a
lançar o deputado federal Michel
Temer (SP) a prefeito da capital.
Com desempenho fraco nas pesquisas, o próprio Temer propôs a
aliança com Erundina.
Na última terça-feira, por volta
das 22h30, teve uma conversa
com Quércia: "Vamos apoiar a
Erundina, mas acho que eu não
deva ser o vice". E Quércia: "Por
que não? É bom para você ficar
em evidência. Mostra que não está fugindo e dá uma demonstração de humildade".
Os petistas ainda tentaram conseguir o apoio de Quércia até o último momento. Antes, na mesma
terça-feira, por volta das 19h, ele
recebeu no seu escritório o presidente do PT paulista, Paulo Frateschi, e o secretário de governo
de Marta, Gilmar Tatto.
"Quércia, vim aqui pedir água",
disse Tatto, preocupado com a
não-aliança com o PMDB. Quércia, porém, já tinha conhecimento
de que Marta havia declarado que
ela não tinha confiança no PMDB.
No dia seguinte, Frateschi fez
um último apelo. Disse que Marta
não teria dito exatamente aquilo.
"Ela falou isso mesmo! Vi e ouvi",
respondeu Quércia. Em seguida,
comunicou a aliança com Erundina (com Temer como vice), que
seria anunciada logo depois.
A reação do dirigente petista foi
de desolação: "Não é possível,
Quércia... Vocês fazerem uma
coisa dessas...".
O motivo do fracasso de uma
aliança do PT com o PMDB em
São Paulo foi um erro de cálculo
entre os petistas, que acumularam equívocos no manejo com
Quércia, ainda o mais poderoso
peemedebista paulista.
Já em 2002, Quércia se sentiu
traído. O PT se comprometeu a
apoiar Quércia, além de Aloizio
Mercadante, na disputa pelo Senado. A militância petista fez
campanha para Wagner Gomes,
do PC do B. Quércia acabou em
terceiro e não foi eleito.
Quando Lula assumiu o Planalto, Quércia conseguiu colocar o
ex-deputado federal Marcelo Barbieri, seu aliado, para trabalhar
como assessor da Casa Civil. Mas
ele logo foi expelido do cargo.
No início deste ano, o dirigente
petista Sílvio Pereira dizia que o
PMDB iria apoiar Marta. "Sem
um candidato forte a prefeito, os
vereadores peemedebistas não se
reelegem."
O raciocínio era correto, mas o
PT não contava que Quércia comandava o PMDB com mais poder que os cinco vereadores. Ao
perceber a estratégia, ordenou
que fosse retirado do cargo de líder do partido o vereador Milton
Leite. Há um mês, fez uma intervenção no diretório municipal.
Quércia nomeou-se presidente do
PMDB paulistano. Trocou diretores e detém cerca de 80% da sigla.
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