|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
HISTÓRIA
Mesmo tendo sido um crime passional, morte de político paraibano serviu de estopim para a Revolução de 30
Após 67 anos, João Pessoa volta à Paraíba
XICO SÁ
da Reportagem Local
Depois de 67 anos, os restos
mortais de João Pessoa, cujo cadáver serviu de estopim para a chamada Revolução de 1930, voltaram
à Paraíba, onde foram depositados, no último final de semana, em
um mausoléu construído pelo governo do Estado.
Presidente da Paraíba, posto
equivalente hoje ao de governador, João Pessoa foi assassinado
em Recife, em 1930, pelo advogado
João Dantas. O seu corpo seguiu
na época de navio, para ser sepultado no Rio.
No trajeto, no entanto, o navio
teve que parar em vários portos,
para que o político morto fosse homenageado e visto pelo povo.
João Pessoa era candidato, naquele ano em que morreu, a vice-presidente na chapa encabeçada por Getúlio Vargas (1883-1954).
A comoção derivada das homenagens ao seu corpo acabaram servindo como um dos fatores mais
importantes na mobilização política que resultaria na queda da
"República Velha".
O movimento, liderado por Vargas, derrubou do poder o presidente Washington Luís, que naquele ano de campanha eleitoral
patrocinava a chapa da situação
formada por Julio Prestes e Vital
Soares.
O assassinato de João Pessoa,
ocorrido na então glamourosa
Confeitaria e Café Glória, no centro de Recife, foi utilizado pelos getulistas como a principal peça de
propaganda para derrubar Washington Luís.
O crime foi definido como um
atentado político e imediatamente
atribuído aos aliados do presidente da República. O objetivo foi alcançado pela Aliança Liberal, conjunto das forças que marchavam
com Getúlio Vargas.
O motivo mais provável do crime, no entanto, segundo vários
historiadores e reportagens publicadas na época, foi passional. Essa
versão também é narrada pelo filme "Parayba Mulher Macho", dirigido por Tizuka Yamazaki.
Dias antes do crime, o jornal
aliado na Paraíba a João Pessoa,
"A União", havia publicado a correspondência íntima entre Dantas,
o advogado que matou o político, e
a sua namorada Anayde Beiriz
(leia texto abaixo).
Embora fossem adversários -a
família de Dantas acusava Pessoa
de perseguir o clã na Paraíba- o
advogado não teria motivos políticos para assassinar o então presidente do Estado.
Para o atual governador do Estado, José Targino Maranhão, que
promoveu uma cerimônia em João
Pessoa para receber os restos mortais do político paraibano, o Estado recuperou parte importante da
sua história.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|