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CAMPANHA
Em conversas reservadas, presidenciável diz temer novas denúncias contra seu vice e admite substituir Paulinho
Ciro acusa governo de "métodos fascistas"
DO ENVIADO A SALVADOR
DO ENVIADO A POÇOS DE CALDAS (MG)
O presidenciável do PPS, Ciro
Gomes, atribuiu ontem ao Planalto e à campanha do tucano José
Serra as denúncias contra seu
candidato a vice, Paulo Pereira da
Silva, o Paulinho, e disse que o governo utiliza "métodos fascistas
contra seus adversários".
As declarações foram feitas em
entrevista coletiva em Salvador,
após Ciro tomar conhecimento
de que a controladora-geral da
União, Anadyr Rodrigues, está investigando o repasse de dinheiro
federal à Força Sindical. Paulinho
é presidente licenciado da Força.
"Isso aí é botar a estrutura do
poder a serviço da calúnia contra
as pessoas. Estamos vivendo um
momento meio fascista, no qual
as instituições são manipuladas
para destruir reputações", declarou o candidato. "E ainda somos
nós que temos de ouvir as diatribes que nós é que temos um flerte
com o fascismo."
Paulinho foi apontado em reportagem da revista "Época" desta semana como beneficiário de
desvio de recursos da central sindical. Ciro recebeu de seu vice
uma série de documentos que
provariam sua inocência; Paulinho obteve assim um crédito de
confiança. Mas foi avisado diretamente por Ciro de que novas denúncias podem derrubá-lo.
Troca de vice
Embora Ciro continue defendendo publicamente Paulinho,
em conversas reservadas ele já admite a possibilidade de retirá-lo
da chapa e substituí-lo por algum
político que não traga tanto desgaste à campanha.
Ciro revelou a interlocutores estar preocupado com novas denúncias que possam ser divulgadas contra seu vice neste fim de
semana. Ontem, em Salvador,
chegaram ao staff de Ciro boatos
sobre a renúncia de Paulinho. O
presidenciável desmentiu, mas
disse a interlocutores que não lamentaria se fosse verdade.
O candidato afirma que nenhum adversário encontrará nada contra ele, tanto pessoalmente
quanto politicamente. Mas quer
evitar que as denúncias envolvendo o entorno de sua campanha
acabem contaminando-o.
Anteontem, o coordenador-geral de sua campanha, José Carlos
Martinez (PTB), deixou o cargo
após ser desgastado por denúncias de envolvimento com o esquema PC. Ciro lamentou oficialmente a saída, mas considera que
Martinez demorou a agir.
O presidenciável disse ainda
não temer que discussões dentro
de sua aliança -como entre Roberto Freire e Antonio Carlos Magalhães- desgastem sua campanha: "Quando a gente tem muitos
aliados, alguns acabam brigando,
e temos de administrar essas coisas. Mas nada muito exótico".
Desafio
Anteontem à noite, em uma espécie de contra-ataque às denúncias que culminaram na renúncia
de Martinez, Ciro decidiu desafiar
os "prepotentes e poderosos" a
atacá-lo durante a corrida ao Planalto. A declaração foi feita em
Poços de Caldas (MG), durante
discurso a cerca de 2.000 pessoas.
O candidato diz que pode assumir sem problemas o papel de vidraça da campanha por não ter o
"rabo preso" com ninguém e
"nunca" ter feito nada de errado
durante sua trajetória política.
"Os prepotentes e poderosos,
não conformados com a repulsa
popular que recolhem nas ruas,
acham que podem transformar as
eleições em um jogo de destruição
de reputações, biografias, de dossiês, calunias, agressões. Agora
venham para cima de mim. Não
tenho o rabo preso na mão de
ninguém. Nunca fiz nada errado."
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