São Paulo, sábado, 03 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CAMPANHA

Em conversas reservadas, presidenciável diz temer novas denúncias contra seu vice e admite substituir Paulinho

Ciro acusa governo de "métodos fascistas"

DO ENVIADO A SALVADOR

DO ENVIADO A POÇOS DE CALDAS (MG)

O presidenciável do PPS, Ciro Gomes, atribuiu ontem ao Planalto e à campanha do tucano José Serra as denúncias contra seu candidato a vice, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, e disse que o governo utiliza "métodos fascistas contra seus adversários".
As declarações foram feitas em entrevista coletiva em Salvador, após Ciro tomar conhecimento de que a controladora-geral da União, Anadyr Rodrigues, está investigando o repasse de dinheiro federal à Força Sindical. Paulinho é presidente licenciado da Força.
"Isso aí é botar a estrutura do poder a serviço da calúnia contra as pessoas. Estamos vivendo um momento meio fascista, no qual as instituições são manipuladas para destruir reputações", declarou o candidato. "E ainda somos nós que temos de ouvir as diatribes que nós é que temos um flerte com o fascismo."
Paulinho foi apontado em reportagem da revista "Época" desta semana como beneficiário de desvio de recursos da central sindical. Ciro recebeu de seu vice uma série de documentos que provariam sua inocência; Paulinho obteve assim um crédito de confiança. Mas foi avisado diretamente por Ciro de que novas denúncias podem derrubá-lo.

Troca de vice
Embora Ciro continue defendendo publicamente Paulinho, em conversas reservadas ele já admite a possibilidade de retirá-lo da chapa e substituí-lo por algum político que não traga tanto desgaste à campanha.
Ciro revelou a interlocutores estar preocupado com novas denúncias que possam ser divulgadas contra seu vice neste fim de semana. Ontem, em Salvador, chegaram ao staff de Ciro boatos sobre a renúncia de Paulinho. O presidenciável desmentiu, mas disse a interlocutores que não lamentaria se fosse verdade.
O candidato afirma que nenhum adversário encontrará nada contra ele, tanto pessoalmente quanto politicamente. Mas quer evitar que as denúncias envolvendo o entorno de sua campanha acabem contaminando-o.
Anteontem, o coordenador-geral de sua campanha, José Carlos Martinez (PTB), deixou o cargo após ser desgastado por denúncias de envolvimento com o esquema PC. Ciro lamentou oficialmente a saída, mas considera que Martinez demorou a agir.
O presidenciável disse ainda não temer que discussões dentro de sua aliança -como entre Roberto Freire e Antonio Carlos Magalhães- desgastem sua campanha: "Quando a gente tem muitos aliados, alguns acabam brigando, e temos de administrar essas coisas. Mas nada muito exótico".

Desafio
Anteontem à noite, em uma espécie de contra-ataque às denúncias que culminaram na renúncia de Martinez, Ciro decidiu desafiar os "prepotentes e poderosos" a atacá-lo durante a corrida ao Planalto. A declaração foi feita em Poços de Caldas (MG), durante discurso a cerca de 2.000 pessoas.
O candidato diz que pode assumir sem problemas o papel de vidraça da campanha por não ter o "rabo preso" com ninguém e "nunca" ter feito nada de errado durante sua trajetória política.
"Os prepotentes e poderosos, não conformados com a repulsa popular que recolhem nas ruas, acham que podem transformar as eleições em um jogo de destruição de reputações, biografias, de dossiês, calunias, agressões. Agora venham para cima de mim. Não tenho o rabo preso na mão de ninguém. Nunca fiz nada errado."



Texto Anterior: Caso TRT: Estevão vai participar de licitação do fórum
Próximo Texto: Saiba mais: Governo criou conselho para apurar corrupção
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.