São Paulo, sábado, 03 de agosto de 2002

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Grupo acusa sumiço de R$ 1,7 mi de empresa

FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI

DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de trabalhadores da Coferraz, siderúrgica falida em 82 em Santo André (SP), vai denunciar ao Ministério Público Federal o sumiço de cerca de R$ 1,7 milhão, que deveria estar na conta da massa falida da empresa.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, filiado à Força Sindical -cujo dirigente licenciado, Paulo Pereira da Silva, é vice na chapa de Ciro Gomes (PPS)- era, desde 82, o síndico da massa falida da Coferraz e, assim, responsável pelos recursos que seriam usados para pagar os direitos dos trabalhadores. Mas só 60% do dinheiro dos empregados foi pago -em 86 e 92. Os trabalhadores montaram uma comissão para defender seus direitos.
No processo da massa falida, que está na 3ª Vara Cível de Santo André, o dinheiro que teria de ser liberado para os operários no fim de 2001 (R$ 919.024,62) foi transferido de contas e de bancos. Mas os trabalhadores não receberam.
Em novembro do ano passado, esse dinheiro foi retirado da conta judicial da agência da Nossa Caixa Nosso Banco no Fórum de Santo André e levado para outra agência do mesmo banco, já em nome do sindicato. Em dezembro, o valor, resultado da unificação de 947 contas de depósitos judiciais (créditos que a massa falida tinha a receber), foi levado para uma agência do banco Santander, também em nome do sindicato.

Cheques judiciais
A movimentação foi irregular. Advogados ouvidos pela Folha dizem que os recursos só podiam ser liberados por meio de cheques judiciais, nominais e assinados por um juiz, o que não foi o caso. E o sindicato teria de prestar conta sobre o destino da verba.
Segundo trabalhadores da empresa, o presidente do sindicato, Cícero Firmino da Silva, contratou outros advogados para cuidarem da questão -o que facilitou a transferência.
No processo, há informação de que outros recursos foram desviados de uma conta que se refere a depósitos recursais (recursos depositados na Justiça para dar continuidade ao processo da massa falida). Havia nessa conta R$ 2.189.429,18. O valor foi liberado por meio de alvará para o sindicato e depositado em uma conta de um dos advogados na Caixa em Matão (interior de SP). Segundo o processo, a Caixa conseguiu por meio de liminar bloquear essa conta, mas já haviam sido retirados R$ 747.424,85.
O promotor de Justiça José Saikali, que cuida do caso, afirmou que o sindicato desde anteontem não é mais o síndico da massa falida. No seu lugar, entrou o antigo advogado do processo, Alfredo Luiz Kulgemas, aprovado pelos trabalhadores. E foi expedida ordem de prestação de contas para o sindicato.



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