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São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2003

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CRISE SOCIAL

Personalidades apontam como saída a necessidade de crescimento econômico e de distribuição de renda

País vive tensão, mas não caos, diz enquete

DA REDAÇÃO

Onde alguns enxergam sinais de desordem social ou até de risco de crise institucional no país, outros vêem apenas alarmismo retórico e reação exagerada a pressões e conflitos de interesses que fazem parte da rotina democrática.
A Folha propôs a 32 personalidades, representantes de diversos setores da chamada sociedade organizada, de empresários e banqueiros a líderes dos sem-terra e sindicalistas, três questões para servir como termômetro da temperatura nacional:
1) Existe risco de desordem ou caos social no Brasil?
2) Que condições dispõe o governo para agir e melhorar a situação do país?
3) No grupo social em que você atua e/ou representa, o governo Lula perdeu apoio?
A enquete não tem, nem poderia ter, a pretensão de representatividade estatística. Mas é ainda assim um mapeamento significativo de tendências e humores.
No geral, descarta-se a existência de uma situação de caos social, embora fique evidente a preocupação de muitos com desordens setorizadas. Quase como consenso, aponta-se como saída a necessidade de crescimento econômico e de distribuição de renda.
O apoio ao governo Luiz Inácio Lula da Silva diminui significativamente nos setores mais diretamente envolvidos em conflitos, sobretudo aqueles que se vêem, com ou sem razão, ameçados por ações ou supostas omissões do governo. É o caso dos ruralistas e dos servidores públicos.
Nos últimos 15 dias, avolumaram-se no noticiário exemplos do que poderia ser material político explosivo. Juízes e promotores aprovaram a realização de uma greve inédita contra a reforma da Previdência, só abortada na semana passada. Servidores em greve invadiram dois ministérios num intervalo de poucos dias.
A Polícia Militar, pela primeira vez no regime democrático, dissolveu um protesto do funcionalismo contra as mudanças previdenciárias dentro da Câmara. A onda de invasões começou a espraiar-se pelos grandes centros urbanos e aumentaram ainda as invasões de propriedades no campo e o número de milícias privadas para evitá-las.
Somado ao desemprego recorde e à falta de perspectiva imediata de crescimento econômico, está formado o caldo de cultura que pode alimentar a crise social ou, ao menos, estimular o sentimento de que ela está para chegar.
"Existem problemas localizados", avalia o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, ao rejeitar a existência de um caos social.
"Isso é uma falácia, uma paranóia. Uma tentativa de abalar o governo de esquerda do presidente Lula", diz João Paulo Rodrigues, do MST.
Leia depoimentos recolhidos pela Folha.



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