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Senador diz não ser responsável por comprador
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reiterou ontem que o frigorífico
Mafrial intermediou operações
de venda de gado de suas fazendas e disse que não é sua responsabilidade se o matadouro
não tinha autorização para isso.
"O gado era entregue ao Mafrial e as firmas compravam lá",
disse Renan. "Aí era irregularidade deles [se o frigorífico não
tinha autorização]", afirmou.
Reportagem da Folha publicada ontem revelou que, segundo os comprovantes de inscrição e situação cadastral do
Mafrial na Receita Federal e na
Secretaria Estadual de Fazenda de Alagoas, o frigorífico só
está autorizado a abater, armazenar e entregar carnes, não
negociar. O frigorífico não pode emitir nota fiscal de venda
de carne, portanto não poderia
comprar gado.
Para explicar a venda de cabeças de gado a empresas fantasmas, Renan disse que nunca
negociou diretamente com as
empresas de fachada Carnal
Carnes e GF da Silva Costa,
mas sim por meio do Mafrial.
Renan declarou ter ganho
R$ 1,9 milhão com a venda de
gado nos últimos quatro anos.
Ele tenta provar que tinha renda suficiente para pagar contas
pessoais sem precisar da ajuda
financeira de um lobista da empreiteira Mendes Júnior.
Um dos relatores do processo e aliado de Renan, o senador
Almeida Lima (PMDB-SE)
também afirmou que o presidente do Senado não pode ser
responsabilizado por eventuais
notas frias entregues por ele ao
Conselho de Ética. "Se alguém
faz uma compra nas Casas Bahia, o vendedor pergunta em
nome de quem deve emitir a
nota fiscal. Se o comprador dá o
nome de uma empresa fantasma, as Casas Bahia não têm nada a ver com isso", disse ele.
Também relatora do caso, a
senadora Marisa Serrano
(PSDB-MS) discorda. "Não estou dizendo que aconteceu,
mas se o presidente Renan enviou notas frias para o conselho, isso não pode ser ignorado", afirmou ela.
O tempo esquentou na reunião de relatores na noite de
anteontem. Ao ouvir essa tese
de Almeida Lima, Marisa Serrano se levantou e ameaçou
abandonar o encontro.
O presidente do Senado disse
estar tranqüilo em relação ao
processo. "Eu sou um otimista."
(FERNANDA KRAKOVICS)
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