São Paulo, sexta-feira, 03 de agosto de 2007

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Senador diz não ser responsável por comprador

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reiterou ontem que o frigorífico Mafrial intermediou operações de venda de gado de suas fazendas e disse que não é sua responsabilidade se o matadouro não tinha autorização para isso.
"O gado era entregue ao Mafrial e as firmas compravam lá", disse Renan. "Aí era irregularidade deles [se o frigorífico não tinha autorização]", afirmou.
Reportagem da Folha publicada ontem revelou que, segundo os comprovantes de inscrição e situação cadastral do Mafrial na Receita Federal e na Secretaria Estadual de Fazenda de Alagoas, o frigorífico só está autorizado a abater, armazenar e entregar carnes, não negociar. O frigorífico não pode emitir nota fiscal de venda de carne, portanto não poderia comprar gado.
Para explicar a venda de cabeças de gado a empresas fantasmas, Renan disse que nunca negociou diretamente com as empresas de fachada Carnal Carnes e GF da Silva Costa, mas sim por meio do Mafrial.
Renan declarou ter ganho R$ 1,9 milhão com a venda de gado nos últimos quatro anos. Ele tenta provar que tinha renda suficiente para pagar contas pessoais sem precisar da ajuda financeira de um lobista da empreiteira Mendes Júnior.
Um dos relatores do processo e aliado de Renan, o senador Almeida Lima (PMDB-SE) também afirmou que o presidente do Senado não pode ser responsabilizado por eventuais notas frias entregues por ele ao Conselho de Ética. "Se alguém faz uma compra nas Casas Bahia, o vendedor pergunta em nome de quem deve emitir a nota fiscal. Se o comprador dá o nome de uma empresa fantasma, as Casas Bahia não têm nada a ver com isso", disse ele.
Também relatora do caso, a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) discorda. "Não estou dizendo que aconteceu, mas se o presidente Renan enviou notas frias para o conselho, isso não pode ser ignorado", afirmou ela.
O tempo esquentou na reunião de relatores na noite de anteontem. Ao ouvir essa tese de Almeida Lima, Marisa Serrano se levantou e ameaçou abandonar o encontro.
O presidente do Senado disse estar tranqüilo em relação ao processo. "Eu sou um otimista." (FERNANDA KRAKOVICS)


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