São Paulo, segunda-feira, 03 de agosto de 2009

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Fundação Sarney é acusada de novo desvio

Documentos do Ministério Público apontam irregularidades na aplicação de parte de R$ 960 mil recebidos do governo do Maranhão

Endereço de empresa que ganhou R$ 48 mil da entidade é o da vice-presidente de uma associação ligada aos Sarney; fundação não comenta caso


HUDSON CORRÊA
ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUÍS

RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

Documentos do Ministério Público Estadual apontam suposto desvio de dinheiro do governo do Maranhão pela Fundação José Sarney em 2004, quando a entidade recebeu R$ 960 mil do Estado.
A suspeita recai sobre uma empresa de instalação elétrica chamada Quintec que, segundo o Ministério Público, recebeu R$ 48,5 mil da fundação, ou seja, parte do dinheiro repassado pelo governo.
O endereço da Quintec é o da casa da pedagoga Conceição de Maria Martins Pereira, vice-presidente da Abom (Associação dos Amigos do Bom Menino das Mercês), entidade que tem o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), como "presidente de honra e perpétuo". Sarney também é presidente vitalício da fundação que leva seu nome e foi criada para abrigar o acervo da carreira política e pessoal dele, mas nega ter responsabilidade sobre ela.
Na casa em que funcionaria a Quintec, uma moradora informou que não há no local nenhuma empresa. Conceição não estava no local.
José Carlos Sousa Silva, presidente da Fundação José Sarney, não quis falar com a reportagem. Em nota divulgada nesta semana, ele negou irregularidade nas contas da entidade.
Criada por Sarney, a fundação já era investigada por suposto desvio de R$ 1,34 milhão da Petrobras repassado de 2005 a 2008. Surgiu agora a suspeita de que isso ocorreu também com verba estadual.
A fundação recebeu dinheiro do governo do Maranhão para preservação e divulgação do acervo de livros e do museu.
O Ministério Público tabulou os pagamentos feitos pela fundação com a verba. Na relação, aparece que a Quintec recebeu pagamentos mensais de R$ 5.000 a R$ 6.000 em 2004, totalizando os R$ 48,5 mil.
Conforme a promotora Sandra Lúcia Mendes Alves Elouf, a fundação empregou os R$ 960 mil recebidos do governo para bancar despesas administrativas, o que, segundo ela, é uma irregularidade.
Os promotores Marcos Valentim e João Leonardo Leal vão investigar agora a suspeita de desvio de recursos. Eles disseram que podem pedir na Justiça a restituição do dinheiro ao governo do Maranhão.
A promotora ainda questiona o repasse de R$ 198 mil em 2004 da fundação para a Abom. Ela diz que o dinheiro público foi usado para manter uma associação privada.
O presidente da Abom, Raimundo Nonato Quintiliano Pereira Filho, afirmou à reportagem que não falaria sobre o caso da empresa Quintec e o repasse da fundação. Raimundo Nonato é funcionário do gabinete do senador Lobão Filho (PMDB-AP), filho e suplente de Edison Lobão, ministro de Minas e Energia e aliado do presidente do Senado.
A Folha foi duas vezes à casa em funcionaria a Quintec, mas Conceição não estava. Na Abom informaram que ela também não se encontrava.
A Fundação Sarney funciona no prédio do antigo Convento das Mercês, doado à entidade pelo Estado do Maranhão.


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