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TRANSPORTES
Segundo associação de empreiteiras, governo federal deve cerca de R$ 530 milhões; ministério reconhece dívida
Obras rodoviárias podem parar por falta de pagamento
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
As restrições orçamentárias do
governo estão gerando uma rebelião de empreiteiros do setor de
transportes, especialmente no
subsetor rodoviário. As empresas
de obras rodoviárias ameaçam
parar em bloco se não receberem
R$ 530 milhões.
As empresas de consultoria do
setor também cobram créditos
que, segundo a ABCE (Associação Brasileiras de Consultores de
Engenharia), podem chegar a cerca de R$ 90 milhões.
De acordo com informações da
Aneor (Associação Nacional das
Empresas de Obras Rodoviárias),
que representa cerca de 600 empresas, o governo está deixando
de pagar obras executadas até no
ano passado. A dívida deveria estar agora em cerca de R$ 700 milhões, mas pagamentos feitos em
agosto reduziram o montante para os R$ 530 milhões reclamados.
A Aneor informou que já há
obras paralisadas, especialmente
em Mato Grosso do Sul. A direção
da entidade informou, por meio
de sua assessoria, que as empresas
poderão decidir esta semana por
uma suspensão em bloco dos trabalhos, mantendo apenas equipes
mínimas nos canteiros.
As empreiteiras alegam que há
disponibilidade de dinheiro para
fazer os pagamentos e que, mesmo assim, o governo não paga. O
dinheiro viria da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico), taxação sobre os
combustíveis que entrou em vigor este ano. Parte do dinheiro é
destinada à conservação de rodovias. Segundo dados da Aneor, foram arrecadados R$ 4,9 bilhões de
janeiro a julho.
Consultores
A ABCE divulgou ontem uma
nota chamando de "calote" o não
pagamento de dívidas com o setor, que também viriam desde
2001. "Esse calote engrossa a dívida pública interna e não está merecendo o tratamento favorecido
dado pelo governo ao pagamento
pontual das contas externas."
O diretor-executivo da ABCE,
Hélio Amorim, disse à Folha que
aproximadamente 30 empresas
estão "em situação desesperadora" por não receberem do Ministério dos Transportes créditos
que somam entre R$ 80 milhões e
R$ 90 milhões. Amorim disse que,
como as consultoras fazem a supervisão das obras, elas não podem parar de trabalhar enquanto
as empreiteiras seguirem tocando
os serviços contratados.
"Estamos solicitando uma audiência com o ministro dos
Transportes, para que ele decida
se tem uma solução", afirmou.
De acordo com Amorim, os técnicos do Ministério dos Transportes querem pagar as contas,
mas não conseguem autorização
da área econômica do governo.
A assessoria do ministério emitiu à noite uma nota em que reconhece a existência de dívidas.
"Por força de limites financeiros,
o Ministério dos Transportes reconhece que tem dívidas. Na proporção em que são pagos os serviços relacionados às diversas
obras, são pagas também as empresas de consultoria."
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