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REFORMA AOS PEDAÇOS
Base aliada espera contar com 360 votos hoje na Câmara
Sem acordo, governo tenta aprovar texto da tributária
GUSTAVO PATÚ
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Planalto não fechou ontem
acordos com os governadores
nem com a oposição, mas mantém a disposição de pôr em votação hoje, em primeiro turno, uma
nova versão da reforma tributária
no plenário da Câmara.
Mantido esse cenário, será a primeira tentativa do governo Luiz
Inácio Lula da Silva de votar uma
emenda constitucional contando,
basicamente, com os deputados
da base aliada.
Apesar do bombardeio ao projeto, os governistas acreditam
contar com uma série de trunfos
para aprová-lo. O primeiro deles,
usado como argumento para os
aliados, é a tese de que o projeto
será modificado pelo Senado e
voltará para a Câmara. Por esse
raciocínio, os senadores se limitariam a aprovar sem alterações a
prorrogação da CPMF e da DRU
(Desvinculação de Receitas da
União), vitais para o Planalto. O
restante do projeto continuaria
em discussão mais aprofundada.
Em segundo lugar, avalia-se que
parte dos governadores e prefeitos, mesmo sem ter todos os seus
pleitos atendidos, serão seduzidos
por vantagens pontuais como as
promessas de partilha dos recursos da Cide e de uma definição
mais favorável dos fundos destinados a Estados e municípios.
Com base nessa estratégia, os
governistas passaram o dia elaborando um novo texto para a reforma, cujo formato definitivo só será conhecido no momento da votação -embora já haja tendências sinalizadas.
Operação
A operação para viabilizar a votação hoje começou logo cedo,
quando foi revogada uma medida
provisória relativa à Agência Nacional de Águas que, pela legislação, teria de ser votada antes de
qualquer outro projeto pela Câmara. Após receber o ministro José Dirceu (Casa Civil), o presidente da Câmara, João Paulo Cunha
(PT-SP), marcou para a tarde
uma sessão extraordinária destinada a começar o debate regimental da reforma, etapa que precede a votação.
"O ideal é votar com acordo,
mas, se não houver acordo, vamos para o voto, que é a essência
da democracia", disse Dirceu.
Ficou praticamente acertado o
fim da proposta de tornar a CPMF
permanente, que enfrenta resistências entre empresários, oposicionistas e aliados. Houve acenos
de concessões para a maioria dos
pleitos que não implicavam perdas de receita. À noite, o relator
do projeto, Virgílio Guimarães
(PT-MG), anunciou uma saída
para um dos temas mais polêmicos: a mudança do ICMS para beneficiar os Estados de destino das
mercadorias obedecerá uma transição de 11 anos -o prazo anterior era de oito anos.
Os governistas esperam ter o
voto favorável de 320 dos cerca de
380 deputados aliados e mais 40
dos 124 votos da oposição. Para
aprovar uma emenda constitucional, são necessários os votos de
308 dos 513 deputados.
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