São Paulo, sexta-feira, 03 de setembro de 2004

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Um suspeito

A ansiedade represada levou a notícia, vaga, à primeira manchete na Record:
- Segurança particular é preso como suspeito pelo massacre de moradores de rua.
Também no Jornal da Band:
- Segurança que age no centro de São Paulo é detido.
Nem "preso" nem "detido" -alguns, na cobertura on line, informavam que ele estaria tão-somente sendo "ouvido".
Mas ao que parece a tensão era demais para TV e rádio.
No SPTV, ele foi apontado como "integrante de um grupo clandestino de seguranças, conhecido pela violência que usaria para espantar moradores de rua das portas das lojas".
A partir dos vazamentos sem fim da Polícia Civil, seu nome seria Paulo Paulada, anunciou a CBN; foi preso, detido ou alguma outra coisa num bar; "moreno, forte e careca", lembraria o retrato falado da polícia.
Mas não, era apenas mais um -o terceiro- suspeito ouvido. Pouco depois, ele saía andando sem nada que o incriminasse. A cobertura é foi um crime.
O mesmo se pode dizer de outra manchete que despontou e sumiu ontem, no mesmo caso. No destaque de diversos sites, "mais um morador de rua é morto". Foi a pauladas, mas não era mendigo, soube-se depois. Era outro assassinato na zona sul, entre tantos, diários.
Estavam os sites revendo suas páginas feridas quando, à noite, surgiu outro caso, este sim de morador de rua. Mas este, sem explicação, não foi manchete. Na maioria, nem notícia foi.
No instante em que tucanos e petistas se revelam afinal menos afeitos à exploração, a cobertura em tempo real tomou o papel.

CHANCE REAL

"The Economist"/Reprodução
Charge traz o "governo" esbanjador e Lula


A revista "The Economist" traz na nova edição um editorial em que compara o Brasil de Lula com a Argentina de Néstor Kirchner -e aprova o primeiro, com louvor ao ministro Antônio Palocci. Sob o título "Para crédito de Lula", ladeado por foto sorridente do brasileiro, faz afirmações inusitadas para o centenário bastião liberal:
- O crescimento do Brasil parece mais sustentável. Os investimentos aumentaram drasticamente. Depois de uma década difícil, há uma chance real de que o balbuciante motor econômico da América do Sul comece a roncar.
Por outro lado, uma reportagem da revista cai sobre o Estado brasileiro, descrito já a partir do título como "Inchado, esbanjador, rígido e injusto". Cita propostas para conter gastos feitas pelos ministros José Dirceu e Guido Mantega, mas elogia mesmo é o governo tucano de Aécio Neves, "citado amplamente como um futuro presidente".

Bem, obrigado
Duda Mendonça, o marqueteiro de Marta Suplicy, saiu do silêncio ontem em "O Estado de S.Paulo", num esforço flagrante de responder à informação de que a campanha rachou.
Disse que não partiu para o ataque contra José Serra contrariado, por pressão do PT:
- Meu contato com o PT é através do Favre [marido de Marta e um dos coordenadores] e eu e ele vamos bem, obrigado.
Mais Duda Mendonça:
- A estratégia até o fim será fazer propostas o tempo inteiro, rebatendo quando necessário.
Ultimamente, "quando necessário" é todo dia. Ontem, lá estava José Genoino, no programa de Marta, dizendo que o Bilhete Único não teve apoio dos vereadores do PSDB, na votação.

Apenas 1%
Do blog de Ricardo Noblat:
- Avaliação do comando do PT: os votos que abandonam Erundina e Maluf são os que empurraram Serra para 34%. Cruzados, números assustam: apenas 1% aderiram a Marta.

Juntos os três
Foi um dia inusitado para a cobertura recente da Globo -e para as propagandas eleitoral de José Serra e institucional do governo Geraldo Alckmin.
Desde a manhã, os telejornais regionais destacaram as obras do metrô tucano. SPTV, à noite:
- Começaram as obras para a construção da linha 4 do metrô.
Nos intervalos do Jornal Nacional, lá estava a publicidade do governo estadual, com ilustrações quase iguais às da Globo.
Sem esquecer as imagens de Serra nas obras da mesma linha 4, no dia anterior, no horário eleitoral. E da visita conjunta de Serra e Alckmin à mesma linha, ontem na agenda da campanha.
Mas a novidade era a Globo.

Ainda é cedo
Do JN, ontem, na série histórica que comemora seus 35 anos:
- O presidente Lula assumiu com objetivos ambiciosos: acabar com a fome, aprovar emendas e pôr o país numa posição de liderança internacional. Ainda é cedo para saber em que medida as metas serão alcançadas.


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