São Paulo, sábado, 03 de setembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CONEXÃO RIBEIRÃO

Presidente afirma que cheques eram entregues a clientes da empreiteira; CPI suspeita que seqüência de saques é indício de pagamento de propina

Leão Leão diz que tem como justificar cheque seqüenciado

CONRADO CORSALETTE
ENVIADO ESPECIAL A RIBEIRÃO

Sem dar detalhes da operação, a nova presidente da Leão Leão, Isabel Cristina Leão Santa Terra, 44, afirmou ontem que tem como justificar, com a apresentação de notas fiscais, a série de cheques seqüenciados descontados da conta da empreiteira entre janeiro de 2002 e dezembro de 2003.
Segundo ela, os cheques eram dados para fornecedores da empresa, que realizavam o saque em seguida. Isabel afirmou que o detalhamento das operações será fornecido à Justiça e à Receita Federal. Ela também negou que a Leão Leão tenha pago propina a integrantes da Prefeitura de Ribeirão Preto, entre eles o ex-prefeito da cidade e hoje ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
"Vou repetir as palavras do Palocci: veementemente não. Nunca pagamos propina a ninguém", disse ela, usando as palavras do ministro quando ele negou, há duas semanas, a existência de um esquema de propina em Ribeirão.
A seqüência de saques na boca do caixa é, segundo integrantes da CPI dos Bingos, um dos principais indícios de que a denúncia de pagamento de R$ 50 mil mensais a integrantes da prefeitura, feita por Rogério Buratti (ex-vice-presidente da Leão Leão e ex-assessor de Palocci), pode ter fundamento.
Segundo Isabel, "quando a empresa paga alguma coisa, todo mundo pode sacar em boca de caixa". "Alguns clientes pedem para a gente [cheque para saque]. (...) Um exemplo são os que vão pagar a folha e não querem pagar o CPMF. Isso é normal."
Isabel substituiu seu irmão, Luiz Cláudio Leão, no comando da empresa após ele ser indiciado pela polícia, anteontem, sob acusação de formação de quadrilha, no inquérito que investiga fraudes em licitações envolvendo a empreiteira na região de Ribeirão.
Também se defendeu de acusações de fraude. "Uma coisa é a documentação que eles [Polícia Civil e Promotoria] têm e outra é nós explicarmos essa documentação. Vamos fazer isso no Judiciário."
Hoje, a Leão Leão presta serviços de coleta de lixo em quatro cidades. Isabel disse que a empresa que dirige é alvo de denúncias assim como qualquer outra que presta serviços ao poder público.
A presidente da Leão negou ainda irregularidade nas encomendas que fez à gráfica Villimpress. Segundo ela, as notas emitidas pela gráfica em nome da Leão Leão se referem a material de campanha de candidatos financiados pela empresa que foram declarados à Justiça Eleitoral. Ele disse não se lembrar os nomes dos beneficiados com a doação.


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