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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CONEXÃO RIBEIRÃO
Presidente afirma que cheques eram entregues a clientes da empreiteira; CPI suspeita que seqüência de saques é indício de pagamento de propina
Leão Leão diz que tem como justificar cheque seqüenciado
CONRADO CORSALETTE
ENVIADO ESPECIAL A RIBEIRÃO
Sem dar detalhes da operação, a
nova presidente da Leão Leão,
Isabel Cristina Leão Santa Terra,
44, afirmou ontem que tem como
justificar, com a apresentação de
notas fiscais, a série de cheques seqüenciados descontados da conta
da empreiteira entre janeiro de
2002 e dezembro de 2003.
Segundo ela, os cheques eram
dados para fornecedores da empresa, que realizavam o saque em
seguida. Isabel afirmou que o detalhamento das operações será
fornecido à Justiça e à Receita Federal. Ela também negou que a
Leão Leão tenha pago propina a
integrantes da Prefeitura de Ribeirão Preto, entre eles o ex-prefeito da cidade e hoje ministro da
Fazenda, Antonio Palocci.
"Vou repetir as palavras do Palocci: veementemente não. Nunca
pagamos propina a ninguém",
disse ela, usando as palavras do
ministro quando ele negou, há
duas semanas, a existência de um
esquema de propina em Ribeirão.
A seqüência de saques na boca
do caixa é, segundo integrantes da
CPI dos Bingos, um dos principais indícios de que a denúncia de
pagamento de R$ 50 mil mensais
a integrantes da prefeitura, feita
por Rogério Buratti (ex-vice-presidente da Leão Leão e ex-assessor
de Palocci), pode ter fundamento.
Segundo Isabel, "quando a empresa paga alguma coisa, todo
mundo pode sacar em boca de
caixa". "Alguns clientes pedem
para a gente [cheque para saque].
(...) Um exemplo são os que vão
pagar a folha e não querem pagar
o CPMF. Isso é normal."
Isabel substituiu seu irmão, Luiz
Cláudio Leão, no comando da
empresa após ele ser indiciado pela polícia, anteontem, sob acusação de formação de quadrilha, no
inquérito que investiga fraudes
em licitações envolvendo a empreiteira na região de Ribeirão.
Também se defendeu de acusações de fraude. "Uma coisa é a documentação que eles [Polícia Civil
e Promotoria] têm e outra é nós
explicarmos essa documentação.
Vamos fazer isso no Judiciário."
Hoje, a Leão Leão presta serviços de coleta de lixo em quatro cidades. Isabel disse que a empresa
que dirige é alvo de denúncias assim como qualquer outra que
presta serviços ao poder público.
A presidente da Leão negou ainda irregularidade nas encomendas que fez à gráfica Villimpress.
Segundo ela, as notas emitidas pela gráfica em nome da Leão Leão
se referem a material de campanha de candidatos financiados
pela empresa que foram declarados à Justiça Eleitoral. Ele disse
não se lembrar os nomes dos beneficiados com a doação.
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